Star Wars Battlefront – Review

Star Wars Battlefront

2015 será provavelmente recordado como um ano de Star Wars. O novo filme já chegou aos cinemas e o hype bateu todos os recordes ao ponto dos cinemas terem de abrir pré-vendas de bilhetes quase dois meses antes da estreia. Com a febre de Star Wars a rebentar todos os termómetros, a EA decidiu reviver uma das séries de jogos mais pedida pelos fãs nos últimos anos: Star Wars Battlefront (EA). Mas será este novo jogo aquilo que os fãs realmente queriam? Ou será apenas uma maneira de capitalizar o sucesso do filme com alguns milhões de unidades vendidas? Veremos.

star wars battlefront hype train

 

Antes de falarmos sobre este jogo que temos em mãos, vamos olhar um pouco para os jogos anteriores. Star Wars Battlefront na PS2 foi o primeiro jogo baseado em classes que joguei. Cada uma era distinta das outras e tinha a sua função no campo de batalha. Além disso, era possível reviver as batalhas dos filmes nos planetas que já conhecíamos e a sua escala era impressionante para um jogo da PS2. Mais tarde foi lançado Star Wars Battlefront 2 e conseguiu melhorar ainda mais a fórmula já conhecida, introduzindo a possibilidade de jogar como os heróis e vilões dos filmes, lutas de naves no espaço, aumentando ainda mais a já enorme escala.

Era por isso de esperar que, quando se soube que o novo Star Wars Battlefront iria estar nas mãos da DICE, conhecida por fazer Battlefield, o hype tenha disparado. O problema foi a janela de lançamento.

Quando vi que o jogo seria lançado tão próximo da estreia do novo filme, confesso que fiquei apreensivo. Na maioria destes casos, acabamos com jogos mal optimizados e claramente apressados e crus, com pouco conteúdo e que não são uma boa experiência. Apesar de a primeira não ser verdade, a segunda e a terceira não são necessariamente mentira. Portanto vamos falar sobre o que vem no jogo.

Modos de jogo e mapas

 

Star Wars Battlefront é um jogo claramente focado no multiplayer. Vem com 9 modos de jogo: Blast, Hero Hunt, Droid Run, Supremacy, Walker Assault, Fighter Squadron, Cargo, Drop Zone e Heroes vs Villains.

Blast é o típico Team Deathmatch, onde a primeira equipa a chegar as 100 mortes ganha.

Hero Hunt coloca um jogador como Herói contra uma equipa de soldados que o vão tentar abater. O ponto fraco deste modo é que o Herói da próxima ronda é o jogador que causou o dano fatal ao Herói da ronda anterior.

Droid Run é uma variante de Capture the Flag, onde existem três droids que é necessário colocar sobre o nosso controlo, e protegê-lo enquanto eles se movem sozinhos para a nossa base.

Supremacy é uma espécie de Conquest no qual existem pontos para capturar e quantos mais pontos uma equipa tiver, mais vai desbloquear até chegar à base inimiga. É possível estar a perder perder por muitos pontos e conseguir uma reviravolta que leva o inimigo até à sua base. É sem dúvida um modo interessante.

Walker Assault é o modo com maior escala, no qual 20 rebeldes devem impeder que os AT-AT do império cheguem ao seu destino. Para tal é necessário capturar algumas bases que chamam um ataque de Y-Wings de modo a retirar o escudo dos Walkers e assim causar-lhes dano. Os 20 soldados do império também têm de proteger os seus Walkers, evitando que os rebeldes chamem os ataques aéreos, escoltando-os assim até ao seu destino. É um modo incrivelmente caótico e aquele que possui mais aquele sentimento de guerra épica entre os rebeldes e o império.

 

Queriam mandar o AT-AT abaixo? Not on my watch

Publicado por NewEsc PT em Segunda-feira, 7 de Dezembro de 2015

 

 

Fighter Squadron é um modo 10v10 parecido com Blast, mas aqui os combates fazem-se no ar usando as conhecidas naves de cada facção. É ainda possível utilizar a lendária Millenium Falcon de Han Solo ou a Slave-1 de Boba Fett. Cargo é o tradicional Capture the flag, no qual temos de capturar um carregamento da base inimiga enquanto evitamos que o nosso seja capturado.

Drop Zone é uma variante interessante de Conquest, no qual várias cápsulas aparecem em diversos locais do mapa e é necessário captura-las. Isto leva os jogadores a convergir no mesmo ponto do mapa, o que proporciona tiroteios caóticos.

Heroes vs Villains é um dos modos mais interessantes que coloca 3 heróis contra 3 vilões, acompanhados por 3 soldados rebeldes e 3 soldados imperiais. Ao contrário de Hero Hunt, aqui os heróis e vilões são atribuídos aleatoriamente no inicio de cada ronda. Vence a ronda a equipa que conseguir derrotar todos os heróis adversários. O jogo acaba quando uma equipa tiver 5 vitórias.

 

Star Wars Battlefront Video-Game-Millenium-Falcon

É possível jogar estes modos de jogo em 4 mapas: Endor, Hoth, Tatooine e Sulust. Dentro destes planetas existem várias variantes do mapa, dependendo do modo de jogo, mas não deixa de ser uma quantidade relativamente minimal de mapas para jogar, mesmo cada um sendo completamente diferente dos outros.

 

Heróis e Vilões

 

Os Heróis disponíveis são Luke Skywalker, Leia Organa e Han Solo. Do lado dos vilões temos Darth Vader, o imperador Darth Sidious e Boba Fett.

Luke Skywalker é bastante rápido e ágil, o que o torna difícil de atingir. Ainda pode destruir os inimigos com o seu ataque em 360 graus, usar force push ou saltar para a frente enquanto atinge os seus inimigos com a sabre de luz.

Leia assume um papel de suporte. Apesar de não ter uma arma particularmente forte, pode gerar power-ups, que vamos falar mais a frente, criar um escudo enorme à sua volta ou disparar um tiro que penetra escudos e causa uma explosão, podendo derrotar vários inimigos de uma vez. Além disso, soldados que façam spawn nela, aparecem como Honor Guards que possuem mais vida e causam mais dano.

Han Solo foi, para mim, o mais fraco dos heróis. Equipado com uma poderosa pistola, pode carregar sobre os seus inimigos, derrotando-os se os atingir, a sua habilidade Rapid Fire, aumenta imenso a velocidade com que podemos disparar e reduz bastante o tempo que ela demora a sobreaquecer e o seu Lucky Shot, carrega um tiro que persegue o primeiro inimigo que encontra e causa uma explosão ao acertar. O problema com este herói é o facto de não ter a capacidade de sobreviver dos outros e não as suas habilidades. Leia possui o seu escudo, Bobba Fett o seu jetpack que lhe permite fugir dos confrontos, Luke e Vader podem defender-se com as suas sabres e o Imperador pode dar um salto e fugir. Se Han for encurralado não tem qualquer hipótese.

 

Luke_vs_Vader_Star Wars Battlefront EA

Darth Vader é um vilão verdadeiramente imponente. Não é tão rápido como Luke, mas é incrivelmente mortífero. Não existe maior desespero neste jogo que ver a sua figura negra aproximar-se calmamente enquanto se defende dos tiros, só para nos cortar como se fossemos papel. Pode usar o seu Force Choke para estrangular um inimigo a médio alcance, enquanto usa o seu Sabre Throw para matar os que estão a maior alcance. Tal como Luke tem também um ataque em 360 graus, ideal para quando estiver rodeado.

Boba Fett é provavelmente o vilão mais poderoso. Possui uma versão mais forte da EE-3 blaster, ideal para médio/longo alcance, pode disparar um rocket que persegue o primeiro inimigo que encontra e ainda causa uma explosão relativamente grande, possui um lança-chamas para curto alcance que mata imediatamente quem acerta. Tem ainda um jetpack que podemos controlar, o que o torna incrivelmente difícil de atingir. Este vilão é tão forte que é possível sobreviver um jogo inteiro com ele.

O Imperador é também bastante poderoso, e apesar de não ter uma sabre de luz, consegue usar o seu Force Lightning para destruir as fileiras inimigas. Isto é ainda mais perigoso quando ativa o Chain Lightning para fazer os seus raios propagarem-se entre inimigos que estejam próximos. Tal como Leia pode fornecer um power-up aos seus aliados e quem fizer spawn nele, aparece como um Shock Trooper com mais vida que os soldados normais. Ainda tem o Force Dash, um salto que na minha opinião é bastante cómico, e permite que consiga ganhar terreno sobre os inimigos, ou fugir quando necessário.

 

Armas e Cartas

 

Quanto às armas, os rebeldes começam com a blaster A280C, enquanto que o Império começa com a conhecida E-11 blaster. Existe ainda a blaster EE-3 de Boba Fett, que dispara rajadas de 3 tiros e possui grande alcance e dano. Temos ainda as Heavy Blasters como a DLT-19 com cadência de tiro alta e pouco recuo. Existe a RT-97C, uma versão com maior cadência e dano que a DLT-19, com a possibilidade de usar mira com maior zoom, mas com mais recuo e aquecimento. Temos a T-21, ideal para longo alcance e capaz de matar inimigos com 2 ou 3 tiros e, por fim, a T-21B, uma variante da T-21 com mira mas que causa menos dano.

Existem as Blaster Pistols, como a DH-17, que possui alta cadência de tiro e rápido aquecimento, mas causa bastante dano a curto alcance; a SE-14C que dispara rajadas de 4 tiros e causa dano massivo a curto alcance e a DL-44 de Han Solo que causa bastante frustração aos jogadores, já verão porquê.

Para finalizar temos a Shock Blaster CA-87, uma shotgun com um alcance miserável, mas que é de longe a arma mais divertida do jogo, nem que seja só para o gozo.

Ao invés de usar o tradicional sistema de equipamentos e classes, a DICE decidiu implementar um sistema de cartas com três slots. Nesses slots podemos equipar granadas, jump packs, lança rockets, poderes que usam cargas e nos dão um escudo, arrefecem imediatamente a nossa arma, eliminam o recuo da arma por um determinado tempo, etc. Ainda temos power-ups que aparecem aleatoriamente nos mapas e nos dão armas de uma utilização, escudos, veículos ou a possibilidade de jogar como heróis. Também existem Traits que são como os field upgrades de Battlefield e nos dão alguns bónus. Mais à frente vamos discutir mais sobre isto.

 

“Apesar de ser focado no Multiplayer, não foi excluído o modo Single player, apesar de não ser, de longe, o que os fãs queriam”

 

Apesar de ser focado no Multiplayer, não foi excluído o modo Single player, apesar de não ser, de longe, o que os fãs queriam. Podemos participar em missões que são nada mais que o modo Kill Confirmed de Call of Duty, mas contra bots. Temos também um modo de sobrevivência por rondas nos diversos mapas. Podemos jogar sozinhos ou com um amigo, mas estes modos só servem mesmo para quem quer platinar o jogo e/ou ganhar alguns créditos para desbloquear coisas no multiplayer.

Este foi o conteúdo que vem no jogo. Pode parecer muito, mas é pouco se comparado com outros jogos da própria DICE ou outros FPS que foram lançados na mesma altura como Call of Duty Black Ops 3 que possui uma quantidade incrível de conteúdo. Agora falando no que o jogo tem de bom e de mau.

 

Photogrammetry

 

O principal selling point de Star Wars Battlefront é sem dúvida a sua autenticidade. Nunca nenhum jogo deste universo nos fez sentir desta forma que estamos dentro das guerras, que já tão bem conhecemos. Graficamente, é provavelmente o melhor jogo multiplayer que já joguei e a melhor parte é: não precisam um supercomputador para o conseguir.

A Dice usou nesta versão do seu motor Frostbite uma técnica chamada Photogrammetry, que consiste em converter imagens de uma fotografia, num modelo 3D que será usada nos elementos do jogo. Isto leva a texturas de altíssima resolução, modelos de personagens extremamente fiéis aos usados nos filmes, tudo isto sem comprometer nunca a performance. As explosões, efeitos de luz, rastos dos personagens na areia e neve, partículas das explosões, tudo isto se mistura para criar o jogo mais fiel de sempre a Star Wars.

Para acompanhar este luxo visual, temos ainda a componente sonora também incrível, com os sons dos tiros, falas dos personagens, sons das naves e explosões iguaizinhas às dos filmes, com a única excepção sendo o voice acting dos heróis e vilões.

É sem dúvida uma técnica, cuja aplicação em futuros jogos, nomeadamente Battlefield 5, me deixa extremamente entusiasmado. Este é o Light Side de Star Wars Battlefront, mas infelizmente, tal como a Força, se existe um Light Side, tem de existir um Dark Side, e o Dark Side é forte neste jogo.

 

Se do lado da Luz temos os gráficos e o som, do lado negro temos tudo o resto. Star Wars Battlefront é um embrulho muito bonito que esconde lá dentro algumas das piores decisões de design que já vi num jogo. Preparem-se pois vem aí um espancamento à moda antiga.

 

O lado negro de Star Wars Battlefront

 

Começando pelas armas: o lema deste jogo é DL-44 or bust”. Esta arma é incrivelmente poderosa, pode matar com um tiro na cabeça a curto alcance e mesmo a médio e relativamente longo alcance é bastante poderosa. Isto não seria tão mau se o jogo não tivesse tantas maneiras de encurtar a distância entre nós e os inimigos, nomeadamente com o jump pack e o seu baixo tempo de cooldown.

Isto torna a maioria das armas de médio/longo alcance obsoletas contra esta arma, e as de curto alcance igualmente obsoletas pois a sua capacidade de causar dano é menor que a da DL-44. Para compensar este poder, só desbloqueamos esta arma a nível 25, no entanto, para quem compra a Deluxe Edition, recebe-a logo a nível 1, o que destrói completamente a progressão das armas.

Outra coisa que não consegui gostar é o facto das balas demorarem tanto tempo a chegar ao alvo. Isto é algo comum nos jogos de Battlefield, mas aqui ainda demoram muito mais, obrigando-nos a ter de antecipar demasiado os movimentos dos adversários. Para piorar, foi implementado o mesmo sistema de movimento de Battlefield, no qual não existe qualquer inércia entre estar parado e começar a mover. Isto faz com que seja possível desviar-se dos tiros através de movimentos laterais sucessivos, transformando duelos entre jogadores em autênticas danças de tango.

“…o lema deste jogo é “DL-44 or bust”.”

Não gostei também do sistema de disparo ou gunplay como também é conhecido. Apesar de ser possível aproximar a mira, não é um verdadeiro sistema de ADS e não existe qualquer vantagem em termos de pontaria e spread das armas. Neste sistema, as balas saem aleatoriamente pela zona dentro da mira, o que torna cada confronto num jogo de sorte. É comum um jogador disparar uma rajada de balas que não acertam noutro, só para ele, muitas vezes, ter mais sorte e o matar (normalmente com um ou dois tiros da DL-44).

Apesar de ser uma parte importante em todos os FPS, acho que o skill foi um bocado colocado de parte neste jogo em detrimento de uma componente mais aleatória. Pode parecer desculpa de mau jogador, mas é algo difícil de explicar e são situações que parecem ser uma morte garantida e acabamos por ser nós mortos de forma inacreditável. Para finalizar, não gostei particularmente de nenhuma arma em relação às outras, mesmo a DL-44, apesar do seu potencial de dano. Ainda assim, as que achei que iam mais ao encontro do meu gosto foram a RT-97C e a super divertida CA-87.

Passando as armas, temos as cartas, power-ups e traits. Estas sim, são as piores decisões de design deste jogo. São capazes de destruir por completo qualquer profundidade que o este teria, o skill deixa de ser útil e o spam de explosões é constante. Então veremos: cada mão possui três cartas. As cartas das pontas são de um tipo e a carta do meio é de outro.

Na carta do meio podemos equipar os poderes que necessitam de cargas, cargas essas que podemos comprar com créditos ou encontrar durante os jogos. Até aí não há problemas, o problema vem nas combinações que podemos fazer. Podemos ter equipadas duas granadas e um poder que nos dá munições explosivas. Podemos equipar uma granada e um rocket que faz mira num adversário e vai atrás dele até ao inferno. Pior ainda é quando matam um soldado que está a fazer mira em vocês e o rocket sai disparado na mesma e são mortos.

“…cartas, power-ups e traits. Estas sim, são as piores decisões de design deste jogo. São capazes de destruir por completo qualquer profundidade que o jogo teria, o skill deixa de ser útil e o spam de explosões é constante.”

O mesmo se aplica às granadas. Basta atirarem uma na direcção dos inimigos e ver as notificações a aparecerem. É bastante comum dobrar uma esquina e darem de caras com outro jogador e começarem a disparar nele, só para o verem atirar uma granada de impacto na vossa cara e irem parar ao ecrã de spawn. Atingiram um inimigo mas ele escondeu-se? Não há problema, atirem uma granada de impacto para um lado e uma granada normal para o outro e ele não tem qualquer hipótese de fuga. Corredores estreitos são impossíveis de atravessar com a quantidade de ícones de granada que estão lá. Têm ainda a Barrage que permite disparar uma rajada de 3 granadas que, combinada com outra carta de granada e alguns dos power-ups vos deixa atirar até 5(!) explosivos de uma vez.

Os power-ups que podemos apanhar ajudam nestas combinações: podemos chamar um ataque aéreo que bombardeia durante alguns segundos uma zona do mapa, podemos atirar uma granada que causa uma enorme explosão e até mata alguns inimigos que estão relativamente longe, podemos usar um rocket que uma vez disparado persegue o primeiro inimigo que encontra tal como o de Boba Fett, podemos colocar uma granada de proximidade no chão que é praticamente impossível de ver em 90% das zonas dos mapas e um poder que nos permite recarregar imediatamente todas as cartas, para podermos atirar as nossas granadas ainda mais rapidamente.

A vantagem disto é que ficam bons em calcular o ângulo para atirar granadas portanto, bom trabalho DICE por nos quereres ensinar matemática e física enquanto jogamos.

 

star wars battlefront angry birds
Vista lateral de um jogo de Walker Assault em Star Wars Battlefront

Ao chegarem a um certo nível, vão poder comprar traits por 7000 créditos. Estes traits são cartas que equipamos e vão separadas das que temos na mão. Oferecem bónus que ficam melhores quando sobem de nível até o máximo de 3. Sempre que morremos temos de recomeçar a subir de nível. Um desses bónus envolve a redução de 25% por nível do dano causado por explosões e a nível 3 ainda recebemos menos dano de blasters. Noutro, aumenta a nossa velocidade com que começamos a regeneração da vida, e ainda recebemos vida quando matamos um inimigo, com o trait a nível 3. Outro faz com que não deixemos assinatura no mapa ao disparar uma arma ou correr e ainda arrefece totalmente as armas ao matar um inimigo.

O problema destes traits é que deveriam ser desbloqueados logo no inicio.

Por exemplo, escolhíamos um e ao longo da progressão podíamos trocar para outro. Como está, faz com que os jogadores a níveis mais altos e, por conseguinte, mais experientes, fiquem ainda mais difíceis de derrotar por jogadores de baixo nível.

Outra má decisão de design foi a mecânica de voo. Para pilotarem as naves, basta usarem o W para acelerar ou o S para travar. Podem ainda carregar num botão para fazerem manobras evasivas e disparam com o rato. A quantidade de skill envolvida neste sistema é, sem surpresas, zero, isto porque é possível bloquearem a mira nas outras naves e simplesmente dispararem até verem a bola de fogo e notificação aparecerem no ecrã. Para mandarem um AT-AT abaixo, basta aproximarem-se com um snowspeeder ou A-wing e carregar num botão que vos vai colocar num mini-jogo, no qual têm de manter uma imagem dentro de um rectângulo, até o AT-AT cair.

star Wars Battlefront AT-AT takedown

 

Em relação aos mapas, existem incontáveis ângulos de aproximação, o que cria demasiadas rotas e estraga completamente o fluxo do jogo. Isto é um problema recorrente nos mapas de Battlefield 4, e neste, muito por culpa da verticalidade introduzida pelo Jump Pack, que vos deixa saltar por cima da maioria das montanhas e flanquear inimigos por rotas inesperadas.

Nas versões de Supremacy e Walker Assault isso é inevitável devido à quantidade de jogadores e à escala épica do modo, favorecendo mais combates a médio/longo alcance e a possibilidade de usar veículos e heróis. No entanto, nas variantes de jogos focados em infantaria como Blast, existem alguns mapas que não possuem rotas definidas e neste tipo de modos o pathing é bastante importante e distingue um mapa bom de um mapa mau. Para estragar ainda mais o fluxo de jogo, temos o péssimo sistema de spawn, que apesar de não estar tão mau como na beta, continua muito mau.

“Para estragar ainda mais o fluxo de jogo, temos o péssimo sistema de spawn, que apesar de não estar tão mau como na beta, continua muito mau.”

Em vez de mini mapa, temos um radar ao estilo do que existe no Destiny. Se já não gostava dele no Destiny, ainda gosto menos neste jogo. Não é um sistema que oferece informação relevante para localizar os outros jogadores e simplesmente só atrapalha. Muitas vezes um jogador dispara bastante longe da vossa posição e aparece na mesma no radar.

Quando vemos uma luz vermelha aparecer, o primeiro instinto é olhar para lá e ver de onde vem o perigo. O problema é que na maioria dos casos acabamos por nos focar muito nesse radar e somos facilmente flanqueados. Como o sprint dos inimigos também aparece, muitas vezes pensamos que estamos rodeados e na realidade não é verdade.

Outro problema extremamente gravoso é o equilíbrio de servidores, ou melhor, o inexistente equilíbrio de servidores. É comum ver uma equipa ser destroçada pela outra e no jogo seguinte as equipas são sempre as mesmas. Pior é o facto de nem podermos trocar para tentar equilibrar o jogo por nós próprios. Resultado: os jogadores abandonam o servidor e é comum ver jogos de 2 contra 9 ou pior.

Para finalizar, os controlos no PC podiam ter sido melhor implementados, nomeadamente na escolha dos botões para usar as cartas que são os números de 1 a 4. Felizmente podemos sempre remapear as teclas para outras com que nos sentimos mais confortáveis.

São estas decisões, aliadas à gritante falta de conteúdo, que estragam completamente a profundidade do jogo e tornam-no exageradamente casual.

Existe ainda um modo de jogo (apesar de estar mais perto de ser um menú de jogo), que funciona como sistema de troféus ingame, chamado Diorama. Neste modo, à medida que vamos cumprindo diversos objectivos no jogo, somos recompensados com peças que aparecem no diorama, mas não existe qualquer influência na jogabilidade ou progressão, pelo que é completamente obsoleto.

“São estas decisões, aliadas à gritante falta de conteúdo que estragam completamente a profundidade do jogo e tornam-no exageradamente casual.”

Performance

 

Em termos de performance, como disse antes, é incrível. Está ao nível dos jogos mais antigos no Frostbite como Battlefield 3 e 4, com a minha GTX 780 a correr isto ao máximo sem suar e sempre acima das 80 fps. Mais incrível ainda é a performance nas consolas. Numa geração onde tem sido complicado manter as 60 fps, este consegue manter essa framerate de forma constante na PS4 e com muito poucas quedas na Xbox One, mantendo praticamente a qualidade gráfica que vemos no PC, incluindo nos modos em split-screen. Ainda assim não estão a 1080p, sendo 900p na PS4 e 720p na Xbox, no entanto, o uso de vários efeitos de pós-processamento faz com que não se note tanto que o jogo não está em full HD.

 

Battle of Jakku

 

Para comemorar o lançamento do novo filme nos cinemas, todos os jogadores tiveram direito a um DLC grátis chamado Battle of Jakku que introduz um novo mapa e um novo modo de jogo. Se viram os trailers do filme, vão notar num planeta com diversas naves imperiais destruídas durante uma guerra. Esta expansão mostra-nos a guerra que aconteceu nesse planeta, entre o episódio 6 e o novo episódio 7.

O modo Turning Point é o equivalente ao modo Walker Assault mas com o Império no ataque e os Rebeldes na defensiva. Nele, os soldados imperiais têm de capturar três pontos, que vão desbloquear uma nova parte do mapa com mais três. É bastante parecido ao modo Rush de Battlefield, mas com mais um ponto para capturar.

O problema deste modo é que só está disponível no mapa da expansão, o que o torna enjoativo rapidamente. Também não fiquei muito fã dele, talvez por não gostar muito do modo Rush nos Battlefield, mas tenho de reconhecer que a progressão e fluxo dos jogos está muito bem executada, com as primeiras bases a serem relativamente fáceis de capturar, e as últimas a favorecerem claramente os rebeldes, fazendo com que os soldados do império tenham de ser mais agressivos e adoptar uma táctica de final push para ganhar o jogo.

Curiosamente a variante de Blast foi a minha favorita. É dos poucos mapas que realmente possui rotas definidas, com um longo corredor central e dois corredores nas zonas laterais.

 

“Numa geração onde tem sido complicado manter as 60 fps, este consegue manter essa framerate de forma constante na PS4 e com muito poucas quedas na Xbox One…”

Em resumo, Star Wars Battlefront não é nada mais que um benchmark daquilo que o motor Frostbite consegue fazer. A falta de profundidade e conteúdo, más decisões ao nível do design e o péssimo modelo de negócio com um season pass de 50€ fazem com que, pelo menos no PC, o jogo já esteja a morrer, com alguns dos modos de jogo a já terem muito poucos jogadores. A jogabilidade também não é boa o suficiente para mantê-lo vivo, ao contrário do que aconteceu com Destiny.

Demorei 25 horas de jogo a desbloquear praticamente tudo e ao fim de menos de 5 horas já tinha visto tudo o que o jogo tinha para me oferecer e tinha noção dos problemas que o flagelavam. Esperemos que, com a estreia do filme, mais jogadores sejam atraídos para o jogo, mas é preferível gastarem o vosso dinheiro noutros que saíram nesta altura como Call of Duty Black ops 3 ou Fallout 4 e esperarem por uma descida do preço. Também podem esperar por um período de promoções nas principais lojas digitais e comprarem uma colecção com os jogos mais antigos, nomeadamente os primeiros Star Wars Battlefront, Jedi Knight, Republic Commando, KOTOR ou Empire at War.

Agora só nos resta esperar que o próximo jogo receba um bocado mais de carinho e carne porque este é só ossos e deixa os jogadores com fome.

Gráficos
100
Som
85
Jogabilidade
50
Single Player
30
Review dos Leitores5 Votes
89
A nova referência de gráficos em jogos online
Som fiel aos filmes
Conteúdo reduzido para o preço do jogo
Péssimas decisões de design, especialmente ao nível do equilíbrio
Jogabilidade mediana e demasiado casual
66
A evitar

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Gráficos
Som
Jogabilidade
Single Player
Final Score