Review – Town of Light – LKA

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História
Ambiente Imersivo
Gráficos e Som de Fundo
Voice-Over Insuficiente
Problemas de Optimização
Instruções Desnecessariamente Confusas
70
Uma boa história mas com problemas

Town of Light é um jogo de terror/walking simulator da LKA, uma produtora independente italiana, que conta a história de uma rapariga que foi colocada num asilo psiquiátrico chamado Volterra, nesse mesmo país, e que procura saber um pouco mais sobre as inconsistências da sua memória da altura que esteve institucionalizada neste asilo.

Apesar de ser uma história extremamente interessante (embora isto seja mais verdade quanto mais perto do fim do jogo), Town of Light não é um jogo para qualquer um, nem para qualquer estômago. Para por isto em poucas palavras, e para não contar nada que estrague a vossa experiência, a nossa protagonista tem uma história que provavelmente não quereríamos nem para o nosso pior inimigo.

História

A história é, sem qualquer tipo de dúvida, o grande forte deste jogo. Apesar de ser incrivelmente pesada emocional e psicologicamente, não é fácil tirar os olhos do nosso monitor. No entanto, o início tem um rumo um pouco estranho e, na maior parte das vezes, serve mais para nos confundir do que para nos explicar a história da Renée, que entra no asilo com 16 anos.

A história é o grande forte de Town of Light, mas as instruções são desnecessariamente confusas

A forma como sabemos o que temos de fazer é através do que a nossa personagem diz, ou do que vemos escrito nos textos que encontramos por Volterra. Não que desgoste deste método, mas por vezes as instruções são desnecessariamente confusas. Em algumas vezes encontramo-nos num local sem saber bem o que temos de fazer, acabando por conseguir quase aleatoriamente meia hora depois.

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Spoilers


O que Renée conta é absolutamente incrível. O que no início parece quase uma visita ao local onde ela passou tanto tempo, rapidamente nos apercebemos de que o que a Renée se lembra poderá não ser o mesmo do que aconteceu na realidade. Ao investigarmos o antigo asilo, agora completamente destruído pela acção do tempo, encontramos folhas do seu passado e que contam alguns pormenores da sua estadia.

O mais incrível é mesmo o facto de ela não se lembrar de alguns pormenores que parecem quase irreais, como o facto de ter estado grávida e de uma das suas melhores amigas, que ela pensava que tinha estado sempre presente, afinal tinha saído e entrado ao longo dos anos, tendo mesmo acabado por morrer em Volterra com tuberculose.


Fim dos Spoilers


O final do jogo é, sem qualquer tipo de dúvida, inesperado e a parte onde surgiu uma lágrima no canto do olho. Se gostarem de uma história forte e pesada, e não esquecendo que Town of Light é baseado em factos reais, então esta é uma das melhores que já vi. Por alguma razão me fazia lembrar um pouco o Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago, e a falta de humanidade nos nossos momentos mais frágeis.

Gameplay e Ambiente

Com uma história tão boa é uma pena que a jogabilidade tenha tantos problemas. Em primeiro lugar não dá para correr. Na realidade nem dá quase para andar. Percorremos o espaço em ritmo de procissão, em busca das provas que nos ajudam a perceber o que se passou com Renée. Como se isso não chegasse, a forma como Town of Light nos mostra que um item é utilizável, foi uma escolha muito pobre.

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Para sabermos para onde estamos a apontar existe um círculo cinzento claro opaco no centro do monitor. Quando apontamos para algo utilizável, e temos de estar muito perto para o fazer, o círculo torna-se numa circunferência da mesma cor com quase o mesmo tamanho. Quando já nos locais mais escuros não é muito claro quando passamos por estes itens, nos locais com luminosidade é literalmente invisível.

A nossa “mira” é praticamente invisível em locais iluminados e as paredes invisíveis estão espalhadas por todo o lado

Como se isso não chegasse, o jogo parece ter problemas na plataforma onde joguei que foi na PlayStation 4. Constantemente era afectado por breaks que retiram completamente a imersão. A adicionar a isso existem paredes invisíveis em todo o lado como, por exemplo, em tijolos no chão, o que é absolutamente desnecessário.

No entanto, o ambiente do jogo é espectacular. O asilo psiquiátrico imerge-nos num estado de constante pele de galinha ajudado pelo som e pelo tremer do comando que nos vem assustar de vez em quando. Ao contrário do asilo, no exterior o mundo é verde e brilhante. Por vezes, ao fim de algum tempo no interior de Volterra, vinha à rua só para olhar para o exterior e acalmar um pouco os sentidos.

Gráficos e Som

Graficamente o jogo está bonito. Gosto bastante dos pequenos vídeos narrados pela Renée que eram basicamente uma sucessão de imagens que parecem desenhados a lápis de carvão. Estes ajudavam bastante a manter aquele ambiente negro do jogo e que lhe assenta muito bem. Estas mesmas imagens apareciam também em algumas divisões que faziam despertar um flash na memória desta rapariga.

town-of-light-lka-videos

No entanto, havia outro tipo de vídeos. E esses acho que estavam a mais, embora perceba a sua razão de ser. Como por vezes era necessário criar mesmo um vídeo, sem ser uma sucessão de imagens, havia outra animação que nem era desenho animado nem era imitação da realidade. As pessoas pareciam literalmente feitas de plástico. Embora entenda que tinha de se fazer este esquema, as pessoas mereciam um trabalho melhor.

Tanto nos vídeos como na parte sonora existe boa e fraca qualidade

Em termos de som também tem uma parte muito positiva e outra que deixa bastante a desejar. O som ambiente é de grande qualidade. Quando falo de som ambiente falo das vozes de fundo e dos gritos longínquos que existem dentro da cabeça da Renée. Estes dão um ambiente extremamente pesado ao nosso “passeio” por Volterra e deixam-nos num estado de constante sobressalto.

Já no que toca às vozes das personagens podiam estar muito melhor. As vozes parecem quase falsas, falta sentimento, ou pelo menos que nos façam acreditar no sofrimento e na tristeza do que se está a passar. Quando temos uma música calma e triste, num vídeo que demonstra uma atrocidade, mas com uma voz que não demonstra o mesmo, não tem o mesmo impacto.

Conclusões

Town of Light é mais uma experiência do que um jogo. O nome deste lançamento é quase irónico porque luz irão ver pouca e a nossa personagem viu ainda menos. Apesar de o jogo ter, segundo a descrição dos seus produtores, quatro finais alternativos, o que existe é 4 caminhos para lá chegar, mas apenas um final igual para todos.

É quase uma pena que uma história tão interessante, com um ambiente tão imersivo seja estragado por pormenores que não seriam difíceis de resolver. Town of Light é bastante curto, tendo entre 6 a 8 horas de jogabilidade. Se este for o vosso género de preferência então a história pode ser suficiente para vos manter agarrados e ignorar os problemas.

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