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Review Tales of Arise – Uma boa modernização da série e um dos melhores jogos do ano

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O Melhor
Excelente história e personagens
Excelente mundo de jogo
Boa banda sonora
Combate intenso
O Pior
Sistema de Lock-on e falta de cancelamento de animações no combate
Alguns problemas de performance
92

Há uns tempos, depois do anúncio de Tales of Arise, decidi experimentar o Tales of Vesperia que está disponível no Xbox Game Pass para finalmente entrar nesta série que teve início em 1995.

No entanto, achei que o jogo não envelheceu muito bem e acabou por não me conseguir agarrar. Foi então que finalmente saiu Tales of Arise e pude entrar na série, num jogo muito mais moderno e só posso dizer que foi das melhores decisões que tive, no que toca a jogos.

Tales of Arise é uma modernização excelente da série, com uma história e world building incríveis e, sem dúvida, um dos melhores jogos que joguei este ano. Vejamos.

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Um mundo bem pensado que vos faz questionar as vossas motivações

A história de Tales of Arise não é propriamente algo novo, pelo menos no início. Dahna e Rena são dois planetas que giram em torno um do outro, com um satélite entre ambos chamado Lenegis.

Há 300 anos atrás dos acontecimentos do jogo, os Renans invadiram Dahna e usaram a sua tecnologia avançada para dominar os Dahnans e tomar conta do planeta, reduzindo os seus nativos a meros escravos que apenas servem para fornecer Astral Energy, uma energia inerente a todos os seres vivos, que os Renans utilizam num torneio chamado Crown Contest, para determinar o novo regente de Rena, dentre um grupo de Lords que dividiram o continente em vários domínios.

O nosso herói, Alphen, é um escravo sem memória e incapaz de sentir dor conhecido por Máscara de Ferro, devido à máscara que cobre todo o seu rosto. Durante um dia de trabalho, depara-se com uma comoção causada pela rebelião e soldados Renans, que tentam a todo o custo capturar uma misteriosa rapariga.

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Esta rapariga, chamada Shionne, é uma Renan que possui um Master Core, um dispositivo capaz de armazenar imensas quantidades de Astral Energy e que normalmente apenas um Lord possui. Ao encontrar-se com Alphen, uma estranha espada em chamas surge e apenas Alphen a consegue empunhar, devido ao facto de não sentir dor.

Shionne, também possui um estranho poder chamado Thorns, que causa uma espécie de descarga elétrica poderosa em quem tentar tocar-lhe. Como Alphen não sente dor, é a única pessoa capaz de lhe tocar e isto cria um desenvolvimento romântico ao longo do jogo, que achei bastante bom.

Shionne possui o objetivo de derrotar os Lords de cada domínio e obter o derradeiro Master Core, o Renas Alma. Para isso, vai ter de viajar com Alphen visto ser o único capaz de usar a Blazing Sword que possui poder suficiente para derrotar um Lord e, ao longo da sua aventura, vão encontrar outros personagens bastante carismáticos.

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Os personagens que nos acompanham são todos bastante interessantes e acho que não desgostei de nenhum. Shionne e a sua atitude altamente “tsundere” irritou-me bastante na primeira metade do jogo, mas como todos os personagens deste arquétipo, eventualmente acabou por ceder e tornou-se numa personagem muito mais interessante.

Apesar de algumas linhas de diálogo repetidas, especialmente após os combates, as interações entre os personagens enquanto acampamos, ao longo da exploração e em cinemáticas são excelentes e, juntamente com algumas missões secundárias, existe um desenvolvimento lógico e completo de cada um e entre eles, especialmente porque existem pares óbvios que vão agradar àqueles que gostam de um bom “shipping”.

O mundo está também muito bem desenvolvido e o jogo logo desde o início faz questão de vos mostrar o contexto que levou à situação atual e o que esperar dali em diante. Cada domínio é também bastante diferente dos restantes, quer em arquitetura, quer na tonalidade das cores, ambiente e até no sentimento da população.

O que me fez dar o clique com Tales of Arise, foi o domínio que muda tudo. Até lá, o contexto geopolítico estava bem definido e sabiam o que esperar. Mas neste domínio, o jogo dá uma volta de 180 graus e tudo aquilo que pensavam que iria acontecer, cai por terra. A partir daí, a vontade de chegar ao próximo domínio aumenta e o jogo torna-se muito mais interessante.

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Mas não é apenas no contexto geopolítico que Tales of Arise dá voltas. Mais para o final do jogo, existem revelações que fizeram com que este jogo passasse de um bom jogo, para um dos melhores jogos do ano, mas não vos vou estragar a surpresa. Apenas vos deixo isto: se gostam de plot twists, Tales of Arise é um jogo para vocês.

Demorei cerca de 45 horas a acabar a campanha e uma boa quantidade de missões secundárias. O jogo possui um sistema bastante competente de Fast Travel, por isso é fácil voltarem a zonas anteriores para completarem estas missões. Além disso, muitas delas requerem que derrotem monstros de nível alto, por isso a minha recomendação é que nem se preocupem muito com elas, tirando o que vou dizer mais à frente.

Combate caótico e com boas mecânicas, mas longe de ser perfeito

Nas minhas primeiras horas com Tales of Arise, não estava a conseguir gostar do combate, muito por culpa das comparações que com Ys IX, que não paravam de vir à cabeça e estava a tentar jogar o jogo da forma que não era para ser feita.

Após desbloquear mais personagens e habilidades, comecei a entender melhor o que era suposto fazer e aí sim, percebi o quão bom o combate é.

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Antes de começar, vou apenas dizer que é possível jogar com qualquer personagem, mas apenas joguei com Alphen, porque foi o único cujo estilo de combate consegui gostar, algo que não aconteceu com Ys IX no qual usei todos os personagens.

O loop de combate funciona assim: existem ataques básicos com a nossa arma, habilidades (também conhecidas por Artes) e boost. Os ataques básicos são apenas para não ficarmos parados até podermos usar os outros dois, um pouco como funciona em Final Fantasy VII Remake.

Existem uns pontos chamados AG, que são gastos ao utilizar artes e são recuperados ao causar dano com ataques básicos ou outros efeitos. Ao utilizar ataques básicos e artes, vamos encher a barra de boost de cada personagem, que permite usar um ataque mais poderoso.

Estes ataques boost possuem um efeito secundário. Ao usá-los em situações específicas, podemos causar um boost break, que interrompe ataques adversários e faz com que fiquem vulneráveis durante uns segundos. Um boost break no momento certo pode interromper um ataque perigoso e salvar a vossa equipa de ser dizimada, dando tempo para usar itens ou curar unidades feridas.

Ao encaixarem vários ataques seguidos na maioria dos inimigos mais fracos, vão encher uma barra que permite usar um ataque altamente poderoso que derrota imediatamente esse inimigo e causa dano aos que estão à volta.

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A nível defensivo, existe também a possibilidade de esquivar e se o fizerem no tempo certo podem revidar com um ataque mais poderoso que o habitual.

O pior do combate é sem dúvida o sistema de lock-on. Funciona mal e por vezes ignora-vos quando tentam mudar de alvo ou simplesmente muda de alvo sozinho, tornando combates contra múltiplas unidades bastante chatos pois não conseguem dar prioridade ao alvo desejado sempre que querem.

Outro problema no combate é não poder cancelar animações. Por vezes o vosso boost ou combo falha o alvo e ficam ali presos na animação e à mercê dos inimigos, não podendo cancelar com a esquiva, por exemplo. Contra inimigos de nível maior é bastante irritante pois um golpe destes inimigos deixa-vos KO instantaneamente.

Tales of Arise não é um jogo difícil, pelo menos da dificuldade normal. A mecânica de boost break aliada aos vários upgrades que conseguem desbloquear faz com que na 2ª metade do jogo, os bosses sejam uma piada. Isto porque é extremamente fácil fazer “stun lock” neles e desfazer aquela barra de vida sem qualquer problema. Eventualmente, o jogo introduz uma mecânica para contrariar isto, mas geralmente o boss já tem menos de metade da vida quando a usa.

Cada personagem possui vários títulos, que são desbloqueados ao cumprir certos requisitos e permitem desbloquear upgrades usando pontos SP que obtemos ao terminar missões e combates.

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Estes upgrades incluem Artes novas, recuperar AG ou Boost mais rápido, causar mais dano a inimigos quando estão caídos, sobreviver a KO, entre muitos outros. Estes upgrades conseguem ser bastante caros, pelo que requerem algum grind para obter SP suficiente para desbloquear os mais poderosos. A título de exemplo, um único upgrade pode custar 1800 SP e depois de fazer a zona final toda e ter derrotado praticamente todos os inimigos pelo caminho, tinha 1600 SP para usar.

Este grind pode ser reduzido com os artefactos incluídos na Deluxe Edition que conferem bónus de experiência, SP entre outros. Se Tales of Arise fosse um jogo multiplayer, isto esbatia bastante a linha do pay to win. Os bónus são de cerca de 20%, o que nem é muito dado o facto de que um combate vos confere cerca de 10 SP base, mas este tipo de coisas é algo que não gosto de ver no jogo. Preferia que reduzissem o grind para toda a comunidade.

É possível aliviar também o grind cozinhando refeições que aumentam o drop rate ou a experiência que obtêm. Com os materiais que colecionam, podem criar armas, armaduras e amuletos que aumentam o vosso poder e conferem bónus muito bons, especialmente quando aprendem a trabalhar com eles.

Gráficos, performance e som

Graficamente, Tales of Arise possui excelente direção de arte e cenários tirados de uma pintura em quadro. Alguns domínios possuem castelos altamente detalhados com uma pintura esbatida a fazer de plano de fundo.

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Existem algumas cinemáticas em anime, brilhantemente animadas pelo excelente estúdio ufotable. Mesmo as animações com gráficos do jogo estão excelentes, em particular as lutas de espada muito bem coreografadas.

A nível de performance, a versão de PC deixa um pouco a desejar. Existe uma enorme flutuação de framerate, às vezes sem razão aparente, algumas cinemáticas estão presas a 60 fps enquanto outras mantêm o framerate normal. É um jogo que devem jogar com Freesync ou Gsync ativo, para mascarar de certa forma este problema.

A banda sonora e o voice acting são dois pontos altos de Tales of Arise. Geralmente jogo estes jogos com as vozes em japonês, mas este jogo tem um voice acting inglês muito bom e acabou por ser aquele que deixei ficar. As vozes japonesas achei um pouco genéricas, as inglesas conferiram muito mais personalidade aos personagens.

Conclusão

Tales of Arise oferece-vos uma excelente viagem por um mundo muito bem desenvolvido e com personagens carismáticas que tornam a experiência bastante agradável. Apesar de certas imperfeições no combate, o ritmo frenético e excelente design dos inimigos e, especialmente, dos bosses torna o combate bastante épico.

Se são fãs de RPG ou nunca experimentaram Tales, este é um dos que não podem perder. Claramente um dos melhores jogos do ano.

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