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Review Resident Evil Village – O passado e o presente, unidos

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O Melhor
Mundo de jogo enorme e imersivo
Grafismo excelente
Boa jogabilidade e progressão
Imenso conteúdo para descobrir
O Pior
Mau sistema de Aim Assist e ausência de ADS nas armas
Algumas partes do diálogo
90

Já o disse muitas vezes e não me canso de dizer: Resident Evil 7 é um dos meus jogos favoritos dos últimos anos e para mim o melhor jogo da série. A Capcom foi incrivelmente ambiciosa com esse título e conseguiu mudar completamente a perspetiva do jogo com novas mecânicas, enquanto voltava ao estilo original mais opressivo e assustador.

Resident Evil Village, apesar de não ter tanto foco no terror como o jogo anterior, é o culminar de anos de experimentação com vários géneros, fundidos num único pacote e que permite uma experiência sempre fresca e sem repetição, naquela que é para mim a sequela espiritual de Resident Evil 4.

A história de Ethan Winters

A história de Resident Evil Village ocorre 3 anos depois dos acontecimentos do jogo anterior, com Ethan Winters e Mia felizes na sua casa e com a sua filha, após uma mudança para a Europa a mando de Chris Redfield.

No entanto, este mesmo Chris Redfield dá início aos terríveis acontecimentos deste jogo, após sem explicação atacar a casa de Ethan, alvejar Mia e raptar a filha de ambos, Rose e capturar o próprio Ethan.

Enquanto são transportados para um certo local, a carrinha onde viajam é atacada e Ethan é deixado como morto no meio do nada e em plena noite cerrada, seguindo apenas um caminho que o leva até uma vila escondida de tudo, ao sopé de um massivo castelo.

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Rapidamente Ethan descobre, à custa da sua própria integridade física, que esta vila está tudo menos abandonada e os seus habitantes são lobisomens sedentos de sangue, ghouls controlados por vampiros e outros perigos que nunca deviam ver a luz do dia.

Para ajudar à festa, a vila é controlada por quatro poderosas entidades liderados pela Mother Miranda, uma suposta santa que na realidade possui uma agenda assustadora e está disposta a o que for preciso para a cumprir.

Pessoalmente, gostei bastante da história do jogo. Existem alturas que parecem bastante “cheesy”, mas isso sempre existiu na série. Existem muitos momentos interessantes ao longo da campanha sendo o melhor, obviamente, o tempo que passamos no castelo Dimitrescu e com a sua dona Lady Dimitrescu mais as suas filhas.

A história dura cerca de 8 hora, dependendo da exploração que façam, mas não deixem que isso vos engane. O jogo é incrivelmente rejogável e vão de certeza deixar muitas coisas por descobrir na vossa primeira passagem pela campanha.

Além disso, ainda existem imensos desafios e armas para desbloquear após terminar a campanha pela primeira vez, pelo que podem estender as horas de jogo para várias dezenas. Pessoalmente, já terminei o jogo duas vezes, uma na PS5 e outra no PC e já vou na 3ª vez para desbloquear o que falta, sendo uma 4ª vez necessária para fazer o speedrun da campanha.

Uma escala sem precedentes na série

Até agora, os jogos Resident Evil sempre foram muito focados em corredores ou pequenas arenas, nas quais lutávamos contra os inimigos em encontros intensos.

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Mesmo em Resident Evil 4, a vila era vista como algo linear, à qual voltávamos quando obtínhamos um item capaz de nos levar à próxima área.

Em Resident Evil Village, a vila serve como Hub central e mais que um ponto de passagem entre zonas, é uma peça central na história que nos permite uma mistura entre zonas seguras, zonas de combate e puzzles e, mais importante, ter uma noção da escala do mundo em que estamos.

A razão principal, é o facto de podermos ver a maioria das zonas a partir da vila central, com o imponente castelo Dimitrescu em grande plano, o moinho gigante da zona inundada de um lado, o Forte abandonado de outro e de outros locais podemos ver ainda a fábrica e a casa na montanha.

Todas estas zonas fazem parte integral da história e em cada uma, Ethan tem de enfrentar um terrível obstáculo na procura pela sua filha, pois é controlada por um dos “filhos” de Mother Miranda.

Jogabilidade que vai mudando constantemente

Um dos melhores elementos de Resident Evil Village, é a forma como cada área introduz um elemento único na jogabilidade.

A vila é funciona de forma bastante parecida à de Resident Evil 4, com zonas de combate, zonas seguras e algumas zonas que só são acessíveis quando obtêm certos itens. É o local que combina um pouco todos os elementos do jogo, o que faz sentido visto que é a zona central do jogo.

RE8 Beneviento

O Castelo Dimitrescu relembra o estilo de Resident Evil 2, com uma enorme estrutura para explorar, com vários níveis e imensos puzzles e a constante presença de um inimigo que não podemos derrotar, apenas fugir.

A Casa Beneviento é a zona que mais contrasta com o resto do jogo, retirando a vossa capacidade de se defenderem e focando a jogabilidade mais no terror, puzzles e atmosfera. Alguns dos acontecimentos nesta zona lembram bastante jogos como Outlast ou P.T., que foram alguns dos responsáveis pela popularidade de jogos de terror em 1ª pessoa.

O reservatório lembra aquela zona do lago em Resident Evil 4 e o foco não é tanto no combate, mas sim na capacidade de resolver puzzles com a presença constante de um inimigo capaz de nos matar instantaneamente, caso o jogador dê um passo em falso.

O forte é a zona de com o combate mais intenso e a toca dos lobisomens. Para terminar, existe a fábrica, que lembra uma zona parecida em Resident Evil 5. Ambas as zonas, lembram a zona da ilha em Resident Evil 4.

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Todas estas mudanças de jogabilidade, dá uma sensação de frescura ao jogo e evita a repetição desnecessária que pode levar ao enjoo, por parte do jogador.

As mecânicas de disparo e combate foram também atualizadas para combinar com o maior foco na ação. As armas parecem mais fáceis de manusear, podem ser trocadas rapidamente e têm uma sensação de peso diferente entre cada uma.

As únicas coisas que não gostei foi o sistema de defesa, que é pouco intuitivo, o facto de não ser possível apontar as armas usando ADS (Aim Down Sights) e o aim assist ser terrível, muitas vezes apontando para o alvo errado ou para zonas que não causam muito dano. O cúmulo, para mim, foi tentar disparar num barril explosivo ao pé de um inimigo e o jogo constantemente a puxar a mira para longe do barril.

Regresso do Mercenaries

Pelo que li, a versão do Mercenaries presente em Resident Evil Village é igual à orginal que foi lançada em Resident Evil 3.

Neste modo, têm de completar níveis divididos em áreas retiradas da campanha, obtendo uma determinada pontuação e rank. Para conseguir o melhor resultado possível, têm de derrotar inimigos, apanhar dinheiro e comprar armas e upgrades para serem melhor sucedidos na área seguinte.

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É um modo a alta velocidade, com imensa ação e que vos obriga a conhecer as armas e as rotinas de ataques dos inimigos, assim como os mapas, de forma a manter sempre ativo o multiplicador por derrotarem inimigos.

Requer bastante treino e repetição, mas a recompensa por obter o rank máximo em todas as missões é bastante interessante.

Gráficos, performance e som

Graficamente, Resident Evil Village é muito bom, com imenso detalhe e efeitos visuais que lhe conferem um excelente aspeto, especialmente dada a escala do jogo. O único problema que notei, foi a resolução das texturas se tornar bastante baixa quando aproximamos a câmara, mas pelo menos não fica com artefactos estranhos ou “partem” quando nos aproximamos demasiado, o que é uma melhoria face aos jogos anteriores.

O jogo corre a 4K com reconstrução nas consolas e no PC joguei a 1440p. Considerando que a maioria dos jogadores de PC não joga a 4K nativos, a versão de consolas acaba por ter um aspeto mais limpo e com menos artefactos visuais, algo que existe bastante na versão de PC, mesmo com o TAA a “supostamente” oferecer um aspeto mais suave.

A performance do jogo nas consolas é incrivelmente bom. Joguei sem Ray Tracing ligado e nunca notei uma única queda de FPS na PS5, sendo 60 constantes. No PC, joguei com ray tracing ligado e as definições todas no máximo a 1440p e consegui entre 80-100 FPS com a RTX 2080 Ti e i7 9700K, algo fantástico e diz tudo sobre a otimização do fantástico RE Engine.

No entanto, existe um problema com o Alt + Tab, que por vezes faz com que o jogo fique abaixo das 30 FPS, sendo necessário efetuar esta ação repetidamente até corrigir.

A implementação do Ray Tracing podia (e devia) ser muito melhor, dado o foco do jogo em conferir uma atmosfera tenebrosa. A melhoria na iluminação e em certos reflexos não é suficiente para justificar o custo de performance que incorrem em ter o Ray Tracing ligado.

A nível de som, o voice acting é bom na maior parte do jogo com algumas falas, como disse, bastante cheesy. A música é boa, mas a equalização não é a melhor e por vezes é impercetível. A música presente no modo Mercenaries parece-me demasiado Techno para o tipo de jogo que é e retira um pouco a imersão.

No entanto, o design de som é fantástico, especialmente no castelo e na Casa Beneviento, pois os ecos e portas a fechar dão uma constante sensação de paranoia, obrigando-vos a estar sempre atentos a ataques vindos do nada.

Conclusão

Para mim, Resident Evil Village está ao nível de Resident Evil 7 apesar do menor foco em terror. Resident Evil 4 é considerado um dos melhores jogos de todos os tempos e Village pega em muitas dessas ideias e moderniza-as para o público atual. É o verdadeiro sucessor espiritual de Resident Evil 4 e se nunca sair um remake desse jogo, este será o mais próximo que há.

O nível de rejogabilidade do jogo é enorme, com imensos desafios e conteúdo para completar, imensas armas para desbloquear e melhorar e segredos para descobrir.

O futuro da série está em aberto e estou bastante curioso para ver o que vem a seguir.

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