Resident evil 4 remake cover

Review Resident Evil 4 Remake

Resident Evil 4 é de longe um dos jogos mais icónicos já lançados. Apesar de na altura a mudança de perspetiva e maior foco em ação ter sido criticado pelos fãs, o tempo acabou por dar razão ao jogo e inspirou incontáveis outros no que toca à jogabilidade e elementos de sobrevivência.

Jogos como Dead Space foram inspirados em Resident Evil 4, o sistema de disparar com a câmara por cima do ombro tornou-se um símbolo dos third person shooters e os quick time events já existiam mas acabariam por estar presentes em imensos jogos da geração seguinte.

Apesar de todos estes aspetos revolucionários para a altura, Resident Evil 4 não envelheceu bem em certos aspetos. Os controlos ainda usavam o sistema de tanque, não podiam andar enquanto disparavam, o reload era feito apenas enquanto apontavam a arma e o facto de terem de fazer babysitting a Ashley durante 2/3 do jogo levou a imensa frustração.

Se jogarem Resident Evil 4 hoje, especialmente com o mod do Project HD, ainda existem muitos aspetos que envelheceram como um bom whisky. A arte do jogo é soberba, o design de áudio especialmente quando explodem com a cabeça de um inimigo é incrivelmente satisfatório e a história, apesar de um pouco “corny” ainda é bastante interessante de seguir.

Fazer um remake de um jogo tão amado e lendário é um risco que podia trazer grandes dores de cabeça à Capcom. Felizmente, Resident Evil 4 remake é um jogo incrível e que moderniza todos os elementos que não envelheceram bem no original.

Familiar, mas com diferenças suficientes para vos deixar na dúvida

Resident Evil 4 remake segue a história do original praticamente 1 para 1. Mas mesmo que tenham jogado o original várias vezes, ainda vão ficar surpreendidos pelas mudanças pois muitas acabam por contribuir para que a narrativa seja contada de forma mais coesa ou até por uma questão de ambiente.

Assim alguns exemplos que me vêm à cabeça. A secção inicial começa durante a noite e em vez de Leon investigar a cabana sozinho, apenas vai após um dos polícias que o acompanhavam deixar de dar notícias. O primeiro inimigo que derrotamos nessa cabana não nos ataca só porque Leon mostra uma foto de Ashley, em vez disso ataca porque Leon descobre a foto do polícia desaparecido coberta de sangue.

O encontro com Luis Sera é bastante parecido mas existe uma subversão de expectativas que a Capcom fez a pensar naqueles que já conheciam a história de cor.

Resident Evil 4 preview

Outras secções foram completamente removidas, por exemplo, já não podem escolher passar pela vila com as duas irmãs da serra elétrica ou pelo “corredor” do gigante, tendo sido, neste caso, removida a secção do gigante.

Após terminarem o jogo, existem algumas interações escondidas que podem fazer em New Game + que são absolutamente geniais e permitem saltar secções inteiras, caso estejam a tentar um score maior no fim do jogo.

Combate mais moderno

Como disse anteriormente, o combate de Resident Evil 4 foi um dos aspetos que envelheceu pior. Não é péssimo mas simplesmente foi feito noutra era. O combate em Resident Evil 4 remake é simplesmente fenomenal.

Finalmente podem andar e disparar ao mesmo tempo, o que permite controlar melhor as hordas de inimigos que vêm na vossa direção. Mas se acham que isto retira pressão aos combates, enganem-se. Além dos inimigos ainda precisarem de imensas balas para cair, a perspetiva por cima do ombro limita-vos a câmara ao ponto de ser bastante frequente que não vejam um inimigo a atacar-vos dum ponto cego ou uma das muitas armadilhas de caça que os inimigos colocam no chão.

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As armas têm uma sensação de peso espetacular e as reações dos inimigos ao acertarem nas diferentes partes do corpo é realista.

Outro sistema que foi introduzido neste remake foi o parry. Ao serem atacados por um inimigo, podem defender com a vossa faca e isto inclui os ataques de serra elétrica. Se defenderem no tempo certo (perfect parry) podem seguir com um ataque que atira os inimigos ao chão.

Para compensar, a vossa faca agora possui uma barra de durabilidade que podem melhorar no mercador. Também podem equipar outras facas mais simples que vão encontrando e poupar a vossa principal.

Outra mecânica nova é a possibilidade de serem furtivos e o melhor é o facto de ser completamente opcional. Podem entrar por ali a dentro com arma em punho, mas por vezes, é do vosso interesse começarem de forma mais calma.

Existem alguns encontros que podem tornar bastante mais fáceis se usarem furtividade, pois primeiro podem derrotar inimigos com a vossa faca e apenas custa uma pequena fração de durabilidade e segundo porque em certos locais existem armadilhas que podem ativar para derrotar vários de uma só vez, permitindo poupar munição e outros recursos.

O maior problema foi corrigido

O maior problema com Resident Evil 4 era Ashley. O objetivo de Leon é resgatar a filha do presidente dos EUA que foi raptado pelo culto Los Iluminados. Apesar de cerca de 1/3 do jogo andarmos sozinhos, durante o resto vamos estar praticamente sempre com Ashley.

No jogo original esta mecânica era bastante frustrante pois tínhamos de gerir não só Leon, como Ashley, curando-a e evitando que fosse raptada novamente. A sua IA não era propriamente avançada e muitas vezes atrapalhava mais do que ajudava.

Resident Evil 4 remake beginners guide 18.0

No remake, podemos mandá-la esconder em certos armários ou caixas, não precisamos de a curar, se for incapacitada apenas precisamos de ir ao pé dela e pressionar um botão para a levantar. O maior perigo que temos ainda é os inimigos que a tentam raptar.

Ashley no original passava o tempo todo a mandar vir e a gritar, no remake é uma personagem bastante mais interessante. Não só possui muito mais química com Leon e a sua relação vai desenvolvendo ao longo do jogo, os seus diálogos durante o combate são mais úteis pois avisa-nos de inimigos que estão fora do ângulo de visão, pergunta-nos se estamos bem quando estamos feridos e reage a certas ações de Leon de forma realista.

What’re ya buyin’?

O mercador de Resident Evil 4 é capaz de ser um dos NPCs mais lendários nos videojogos. As linhas de diálogo são das mais citáveis de sempre e apesar de não usarem o mesmo ator para fazer a sua voz no remake, a performance continua incrível e com a mesma energia do original.

Mas o mercador em si foi também alvo de um update. Para começar, existe muito mais liberdade nas “builds” que podem criar ao escolher o arsenal. O dinheiro que gastam em upgrades nas armas pode ser praticamente todo recuperado se as venderem, caso apareça outra arma do mesmo tipo que prefiram.

Os spinels, agora não servem para ser vendidos por pesetas. Em vez disso, podem obter estas joias ao completar as várias missões secundárias que geralmente envolvem disparar nos medalhões azuis, matar ratos ou inimigos poderosos em certas zonas que podem revisitar.

Com elas podem obter vários itens e upgrades sem precisarem de gastar pesetas e como são missões geralmente fáceis de terminar e que não requerem grandes desvios do vosso caminho, é recomendado que completem todas. Na minha primeira vez que terminei a campanha, tinha todas estas missões secundárias feitas.

resident evil 4 remake merchant voice actor

Quando chegam a uma certa parte da campanha, podem visitar a sala de tiro ao pé do mercador. Apesar de já existir no original, neste jogo recebem tokens de ouro, prata ou bronze conforme a vossa pontuação que podem gastar numa máquina quase ao estilo gacha, para obter amuletos que conferem bónus quando equipados na vossa mala.

As malas também podem ter bónus conforme a sua cor. A inicial aumenta a quantidade de munição de pistola que encontram, existe uma que aumenta a quantidade de recursos para o crafting, outra aumenta a quantidade de pesetas que encontram, etc. Existe também uma opção de auto-sorting, evitando que percam tempo a organizar o vosso inventário para abrir espaço para itens e podem também atribuir armas a atalhos no vosso comando, para que não precisem de abrir a mala sempre que querem equipar outra arma.

Gráficos, performance e som

Graficamente, Resident Evil 4 remake é muito bom. Existe algum pop-in de elementos do cenário ocasional e uns locais com texturas de baixa resolução mas no geral é fenomenal. Os locais do original são imediatamente reconhecíveis pelos veteranos mas possuem uma densidade muito maior e um ambiente mais tenebroso. Algo que o original tinha e que foi removido neste remake era uma espécie de filtro azul que acabava por dar a todos os locais quase o mesmo aspeto.

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A performance do jogo está muito boa também. Joguei na PS5 com os efeitos do ray tracing e do cabelo ligados, com foco em framerate e notei muito poucas quedas de FPS mesmo em situações mais intensas.

O som continua espetacular, especialmente o das armas que aliado à sensação de peso tornam o disparo incrivelmente satisfatório. A performance dos atores com uma exceção é no geral bastante boa. Leon apresenta-se um pouco mais sério que no original, mas isso não implica que não tenha algumas das suas lendárias “one liners”.

Conclusões

Resident Evil 4 remake é mais um excelente remake para acrescentar à lista de 2023. Depois de Dead Space, os fãs de survival horror estão a comer bem este ano.

Se nunca jogaram o original, este remake é um jogo obrigatório e bastante acessível mesmo que não tenham muito jeito para estes jogos. Se jogaram o original, ainda é uma compra que aconselho pois a modernização deste jogo lendário está mesmo muito bem feita e é sempre interessante ver locais que já conheciam recriados de forma atual e incrivelmente detalhada.

Atualmente apenas podem jogar a campanha, mas já foi anunciado conteúdo extra de forma gratuita muito em breve.

Review dos Leitores0 Votes
0
O Melhor
Grafismo soberbo
Combate modernizado
Principais problemas do original corrigidos
O Pior
Alguns glitches gráficos
Missões secundárias não adicionam nada à história
90

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Design
Ecrã
Performance
Autonomia
Autonomia e alcance
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Conectividade
Final Score