Review Nioh – Uma alternativa à série Souls?

Review dos Leitores1 Vote
86
Excelente jogabilidade
Ambiente imersivo
Possibilidade de jogar a 60 FPS
História pouco desenvolvida
Pouca variedade de inimigos
89

Nioh apresenta-se como mais que um clone de Souls, com argumentos de peso no que toca a jogabilidade e ambiente, apesar do modo história não tão bem conseguido.

A Team Ninja está de volta com Nioh, o jogo que está a dar que falar devido à clara inspiração em Dark Souls, Onimusha e Ninja Gaiden.

Este tipo de jogos com dificuldade bastante alta não é algo novo para o estúdio, que já nos tinha trazido os Ninja Gaiden para a Xbox 360, jogos estes que na altura fizeram os jogadores quase arrancar os cabelos. Agora em exclusivo para a PS4, a Team Ninja traz-nos este jogo que apesar de não trazer nada propriamente de novo, é um produto extremamente refinado passado num excelente cenário.

O Último Samurai

Em Nioh, seguimos a história de William, um marinheiro irlandês possuído por um espírito guardião que o protege da morte. No entanto, este espírito é roubado por Edward Kelley, o principal antagonista da história, uma vez que com ele pode roubar a Amrita existente no Japão, uma pedra capaz de dar grandes poderes, muito pretendida pelo reino de Inglaterra que se encontra em guerra com a Espanha, no ano de 1600.

Sem escolha, William persegue Kelley até ao Japão, onde se vê envolvido na disputa pelo território por parte dos senhores feudais, sendo imediatamente recrutado pelo histórico Hattori Hanzo para tomar o lado de Tokugawa Ieyasu nesta guerra.

Esta sangrenta guerra, juntamente com o uso da Amrita fez com que o território ficasse inundado de espíritos malignos sob a forma de Yokai, que destroem tudo por onde passam.

Apesar de existirem bastantes comparações com Dark Souls, na verdade Nioh afasta-se da icónica série de diversas maneiras e, a forma como a história é contada e estruturada, é uma delas.

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Em Nioh, a campanha não se passa num mundo aberto, mas sim em diversas localizações mais lineares, com atalhos entre si, mas sem ligação entre umas com as outras. Para tal, temos ao nosso dispor um mapa dividido por regiões e, em cada região, existem diversas zonas nas quais se passam as missões principais e secundárias.

Além disso, a história é contada de forma mais direta, não deixando tanto à imaginação como em Dark Souls. Ao longo da campanha, vamos desbloqueando espíritos guardiões que nos contam a sua história através de umas cutscenes com um estilo de arte muito interessante, que também está presente nos flashbacks de outros personagens da história. Ainda existem cinemáticas mais tradicionais que são usadas antes dos bosses ou no início dos níveis.

No entanto, não fiquei grande fã da história, acho que existia muito mais por onde pegar e formas alternativas mais interessantes.

Para começar, as cinemáticas são muito abstratas e curtas, sendo que a maioria nem 1 minuto de duração tem e apenas servem para dar um pouco de background aos personagens e as motivações que os levaram a participar na guerra. Existe ainda um cheirinho de romance entre William e uma das personagens, mas nunca passa disso mesmo.

No entanto, gostei bastante da dinâmica entre William e os nativos, muito por culpa do choque de culturas existente. Para Ieyasu é um crime usar estrangeiros na guerra, mas acaba por não ter outra hipótese uma vez que William dá mostras de ser um excelente samurai e uma mais valia para o seu exército. Por outro lado, William apenas quer recuperar o seu espírito e Ieyasu é apenas um instrumento com o poder suficiente para localizar Kelley.

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A campanha possui um final e um epílogo com o “verdadeiro final”, que deixa espaço em aberto para uma segunda iteração do jogo. Em termos de duração, a campanha demora entre 40 a 45 horas a terminar, um pouco mais se nunca tinham experimentado um jogo deste tipo.

Algo que achei muito bem feito, foi a forma como a Team Ninja pegou em diversos personagens históricos japoneses e os combinam com os elementos sobrenaturais e do folclore tradicionais do Japão.

Ao longo da campanha, além dos personagens que mencionei acima, vão luta contra diversos monstros mitológicos como Yuki-Onna, Umi-Bozu, Oni, entre outros. Apesar de não existir tanta variedade como seria desejado, os monstros são bastante detalhados e com um aspeto arrepiante.

Missões a solo ou acompanhados

Apesar de o sistema de missões ser diferente daquele visto em Dark Souls, em Nioh também as podem fazer sozinhos ou acompanhados.

As missões separam-se em Principais, Secundárias e Twilight. As principais tal como o nome indica, avançam a história para a frente e terminam sempre com uma luta de boss, apesar de poder ter outras pelo meio.

As missões secundárias, passam-se normalmente nas mesmas localizações das principais, mas podem alterar algumas coisas no desenho do mapa, nomeadamente, o sitio onde aparecem, alguns caminhos podem estar fechados, a disposição de inimigos, entre outras. Ainda podem ou não terminar numa luta de boss ou ter objetivos variados. Estas missões são bastante úteis para subirem de nível e obter itens que vos permite construir ou melhorar equipamento.

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As missões Twilight, são repetições das missões principais, mas com inimigos a um nível mais alto e novos adversários em diversos locais em que antes não apareciam. São uma excelente forma de receberem itens raros e testarem os vossos reflexos ao limite.

Existe ainda um modo de cooperação que permite que se juntem a estranhos, ou chamem amigos para vos ajudar a passar uma missão. Podem ainda juntar-se a um clã online predefinido, sendo que os pontos de glória que vão recebendo durante o jogo é acumulado no total do vosso clã, que vos recompensa com itens e mais glória caso o vosso lado ganhe a guerra entre clãs. O clã que escolhem oferece-vos ainda alguns bónus, mas alguns desses bónus são tão específicos, que a maioria dos jogadores acaba por se juntar no mesmo clã que oferece as melhores recompensas.

Algo que achei simplesmente genial, foi o sistema de Bloody Graves. Estes túmulos têm uma funcionalidade parecida com as inscrições que apareciam no chão em Dark Souls e vos permitia ver como o jogador tinha morrido. Em Nioh, apesar de vos dizer como é que esse jogador morreu, podem invocar o seu espírito que passa a ser controlado pela IA e se os derrotarem, têm acesso a uma ou várias peças aleatórias do seu equipamento e ainda recebem pontos de glória.

É um sistema brilhante e permite que consigam obter peças de equipamento de nível mais alto e, em muitos casos, as peças que vos faltava para terminarem um conjunto.

Excelente sistema de equipamento e progressão

Como disse acima, as Bloody Graves são uma das principais formas de obter equipamento. Ainda assim, o resto dos inimigos também costuma largar armas ou peças de armadura quando são derrotados. Caso este equipamento não vos agrade, podem vendê-lo no Blacksmith, oferecê-lo num santuário em troca de Amrita, desmantelá-lo para obter matéria prima, ou fundir (Soul Match) uma peça de nível alto numa de nível mais baixo, para colocar a segunda ao nível da primeira.

Este sistema de equipamento oferece ao jogo uma componente de grinding, que sinceramente não achei moonótona. A única coisa de não gostei foi o facto de que a níveis altos, o custo para fazer Soul Match é simplesmente exorbitante. Mesmo vendendo inúmeras peças e ter por volta de 500 mil gold, às vezes o custo passava facilmente os 10 milhões, que é simplesmente ridículo.

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Portanto, a melhor alternativa é juntarem os materiais necessários e forjar de raiz a peça de equipamento ou arma que querem, uma vez que pode sair com o vosso nível e depois fazerem reforge até terem os perks que vos interessa. Ainda assim, é muito difícil manter aquela espada única devido aos custos do Soul Match.

Em termos de armas, podem escolher entre uma espada, duas espadas, machados, foices e lanças. Ainda podem equipar armas de alcance como arcos, mosquetes e canhões. Para cada arma têm 4 posições diferentes, que alteram o dano que causam de forma inversa ao Ki que os vossos ataques consomem. Felizmente, as armas não têm durabilidade, pelo que não precisam de se preocupar em repará-las.

Podem ainda obter diversos pergaminhos que vos permite desbloquear habilidades para as vossas armas, novos feitiços e técnicas ninja.

O sistema de progressão é bastante parecido com aquele que já existe em Dark Souls, sendo que sobem de nível cada vez que sobem um nível de um stat. Para tal, como já tinha referido, têm de juntar uma determinada quantidade de Amrita que vai aumentando a cada nível, tornando cada vez mais arriscado andar por terreno desconhecido com centenas de milhares de Amrita no bolso. Felizmente os santuários estão bem localizados nos mapas e existem formas de recuperar a Amrita sem terem de se deslocar ao local onde morreram.

Sistema de combate rápido e agressivo

É no sistema de combate que Nioh mais se distancia de Dark Souls. Se abordarem os combates em Nioh da mesma forma que o fazem na série Souls, vão passar por um mau bocado e não se vão divertir.

Em Nioh são recompensados por ser agressivos, mas não tanto, uma vez que agressividade em demasia faz com que a vossa barra de Ki(stamina) se esgote rapidamente deixando-vos à mercê de um violentíssimo ataque inimigo.

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No entanto, tal como em Dark Souls, é imperativo estudarem as rotinas de ataque dos inimigos, uma vez que se forem apanhados por um combo, 9 em cada 10 vezes vão acabar destruídos. Esta mentalidade é especialmente importante nas lutas de bosses, que possuem rotinas muito específicas.

É nas lutas de bosses que fiquei com uma opinião mista. Por um lado, não as achei injustas, uma vez que o jogo explora muito bem os vossos erros e ao fim de algumas tentativas, as lutas de bosses são praticamente um jogo de ritmo focado em desviar e atacar na altura certa. Por outro lado, apesar de muitos possuírem uma segunda rotina quando perdem uma boa parte da vida, não chega aos pés do que já foi visto em Dark Souls, nos quais alguns bosses mudam completamente o padrão de ataque. Em Nioh apenas se tornam mais agressivos ou adicionam um ataque fácil de esquivar.

Gráficos, Performance e Banda Sonora

Na altura da alfa de Nioh, os jogadores depararam-se com uma escolha muito interessante quando iniciaram o jogo pela primeira vez: escolhe o modo de vídeo.

O jogo dava-vos a escolher entre um modo focado em FPS, um modo focado em resolução e um misto. Chegada a versão final do jogo, quais as diferenças entre estes modos?

Sendo que estamos perante um jogo cuja resposta dos comandos e precisão é tão importante, acredito que o modo Action é o modo obrigatório, uma vez que permite que atinjam as 60 fps na maioria dos tempos. Apenas notei algumas quedas em níveis com muitos efeitos, como fogo, nevoeiro ou chuva intensa. Apesar de colocar a resolução abaixo de 1080p, a verdade é que ainda continua a ser um jogo com bom aspeto, mesmo que nalguns sítios se notem praticamente os pixels.

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Existe ainda o modo Movie, que bloqueia a resolução a 1080p ou 4K na PS4 Pro, com 30 FPS fixos usando VSync e um modo Variable Movie que bloqueia a resolução a 1080p ou 4K, mas desliga o Vsync permitindo a flutuação acima das 30 FPS.

Em termos de performance, como disse antes apenas notei algumas quedas em níveis com efeitos muito intensos e nunca durante combates, pelo que não foi em nada prejudicial. Se têm uma PS4 Pro não devem sofrer de qualquer soluço, uma vez que esta aguenta facilmente os 1080p60 ou 4K30.

Graficamente não é um jogo extremamente bonito, mas também não é feio, uma vez que existem alturas que é muito bom, especialmente em detalhes dos Yokai e expressões faciais dos personagens, mas noutras existem texturas bastante borradas e alguns efeitos de luz são desconfortáveis devido à baixa resolução se jogarem em modo Action na PS4 normal.

A banda sonora está muito bem feita, apesar de não ser um Final Fantasy XV ou Bloodborne, é um elemento crucial que vos imerge imediatamente no ambiente e pode ir desde música calma a Rock mais pesado. A prestação dos atores que fizeram as vozes dos personagens também foi bem conseguida, sendo que não seria de esperar menos de atores japoneses.

Conclusão

Nioh, apesar das comparações com a série Souls, apresenta argumentos suficientes para ser mais que um mero clone. A sua jogabilidade e ambiente são fenomenais, é um jogo desafiante e viciante. Se a história fosse contada de forma melhor seria, de longe, um dos melhores jogos da PS4.

O jogo vai contar ainda com uma série de conteúdos extra, nomeadamente um modo de Boss Rush e  New Game+, além de missões extra como DLC.

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