A última vez que joguei um jogo de hóquei no gelo, foi o excelente NHL Hitz Pro na Playstation 2 desenvolvido pela Midway Games. Era um jogo incrivelmente viciante e com uma jogabilidade bastante intuitiva e leve, capaz de horas e horas de diversão e durante uns bons meses, fez com que nem quisesse pegar em jogos de outros desportos.
Durante 8 anos da minha infância joguei hóquei em patins, então este jogo foi uma das formas que usei para tapar aquele buraco de não existir nenhum jogo desta que é uma das principais modalidades em vários países.
NHL 22 marca o meu regresso à variante norte americana do meu desporto favorito e sinceramente, adorei o jogo. Apesar de NHL ser uma série anual da EA Sports e sofrer os típicos problemas que séries deste tipo sofrem, acho que escolhi um bom ano para entrar no mundo do hóquei no gelo.
As maravilhas da memória muscular
A primeira coisa que fiz em NHL 22 foi entrar numa partida e testar as águas, ou neste caso, o gelo. Fiquei impressionado com o quão intuitivos os controlos são. A forma como se defende, ataca, os passes são exatamente como me lembrava em NHL Hitz Pro, mas com física e realismo muito mais evoluídos, obviamente.
Mais incrível, foi o facto de instintivamente fazer jogadas iguais às que fazia no hóquei em patins, um desporto que já não pratico há 17 anos, mas por alguma razão ainda está muito presente na minha memória muscular. O cérebro humano é realmente uma máquina incrível.
A única frustração que tive a nível de jogabilidade, foi o facto de por vezes querer fazer jogadas que sabia fazer na vida real, mas não sabia os controlos que permitiam executar essas fintas ou remates, mas vi os bots fazê-lo portanto sei que é possível.
O único problema que notei a nível técnico na jogabilidade, foi nos modos em que controlamos apenas um personagem e existe um atraso na resposta que leva a passes indesejados. Isto deve-se ao facto de poderem solicitar um passe, mas os companheiros não o fazem instantaneamente, portanto se martelarem o botão no momento em que recebem o disco, vão atirá-lo ao calhas e perder a posse, então têm de ter cuidado ao pedir passes.
Factor X
Como nos outros jogos da EA Sports, o principal modo em NHL 22 é o HUT ou Hockey Ultimate Team. Também como nas outras instâncias do Ultimate Team, o objetivo é colecionar cartas de jogadores, de forma a criar a equipa com a melhor sinergia possível, para poder vencer online ou offline e competir em torneios com o objetivo de receber recompensas.
Já tendo jogado FIFA Ultimate Team, achei bastante interessante a forma como este modo se adapta a uma modalidade com equipas de apenas dois países e uma liga.
Em FUT, podem criar sinergias ao juntar jogadores da mesma equipa e/ou país. Em HUT, os jogadores possuem certas habilidades que ao juntar várias iguais, permitem ativá-las nas pista. É praticamente o mesmo sistema de Sets de armaduras em RPGs.
As habilidades podem ter um cariz mais atacante ou defensivo, melhorar a performance dos remates ou simplesmente conferir um aumento nas estatísticas da equipa. Como apenas podem ter 6 jogadores em pista, apenas podem ativar um número limitado de habilidades então têm de mudar o vosso alinhamento de jogadores durante o jogo, para se adaptarem melhor à situação atual.
Alguns jogadores com melhor cotação podem vir com habilidades especiais, os X-Factors. Estas habilidades únicas, permitem identificá-los melhor em pista, um pouco como funciona nos jogos de futebol. Um jogador com o X-Factor de remate vai ter muito mais facilidade em colocar o disco nas zonas mais complicadas para o guarda redes defender, um guarda redes com X-Factor, será uma muralha muito difícil de penetrar, podendo fazer a diferença contra jogadores menos habilidosos, um defesa com X-Factor terá menos dificuldade em tirar o disco de forma limpa ou derrubar um jogador ao chocar contra ele.
Além disso, estes jogadores possuem uma versão especial cuja cotação pode ser aumentada através de Power-Ups.
Considerando que o elenco de jogadores em NHL é muito reduzido se compararmos com FIFA ou Madden, a EA Sports fez um excelente trabalho em tornar jogadores apetecíveis mesmo para um iniciante como eu, que não faz ideia de quem é o Cristiano Ronaldo ou o Messi da NHL. Apenas olhando para as habilidades e cotações, é possível criar uma equipa competitiva ao perceber o que falta em cada posição.
Muitos modos divertidos
Apesar do modo Ultimate Team ser o foco da maioria dos jogos da EA Sports, os jogadores só estão a perder se não experimentarem o resto dos modos. É como pegar num Call of Duty e nunca jogar a campanha ou os zombies.
O World of Chel é um modo no qual podem criar um personagem e ganhar experiência cumprindo desafios e vencendo jogos. Esta experiência pode ser usada para desbloquear habilidades e até X-Factors. Os jogos geralmente são 4v4 e possuem diversos objetivos, como ganhar a primeira equipa que marca um certo número de golos.
Também podem jogar 1v1v1 que faz lembrar uma espécie de “vira-costas todos contra todos” em que o objetivo é marcar mais golos que os dois adversários. Cada jogo dura cerca de 2-3 minutos e são altamente intensos.
Existe ainda o HUT Rush cujo objetivo é fazer o máximo número de pontos ao fazer jogadas bonitas, marcar golos habilidosos e ganhando jogos. A progressão deste modo também confere pacotes do Ultimate Team e é uma boa forma de ir variando o que jogam para não enjoar.
O Franchise é um modo muito interessante no qual têm de pegar numa equipa e gerir todos os aspetos da mesma.
Podem definir o orçamento para praticamente tudo: desde salários dos jogadores, das equipas de scouting, do treinador, melhorar bancadas, estacionamento e até as casas de banho.
Existem alguns pormenores interessantes como o facto de não poderem ver as estatísticas dos jogadores todos antes dos jogos, sendo necessário usar o scouting para fazer uma avaliação, que é imprecisa no início, mas há medida que usam, vão obtendo cada vez mais detalhes acerca dos jogadores.
O controlo que podem ter em todos os detalhes da equipa está praticamente ao nível de Football Manager, com imensa microgestão.
Gráficos, performance e som
NHL 22 marca a mudança da série para o Frostbite, o motor proprietário da EA também usado em Battlefield, Need for Speed, entre outros.
Como este foi o primeiro jogo da série que experimentei, decidi olhar para vídeos do NHL 21 e sinceramente não notei grandes diferenças a nível gráfico. A versão que joguei é a da Playstation 4, uma vez que os upgrades para a nova geração estão bloqueados na versão mais cara do jogo, algo que é inaceitável e uma enorme barreira para quem quer entrar em qualquer uma das séries de desporto da EA Sports.
As animações, no entanto, são bastante fluídas e o sistema de colisões consegue ter menos bugs que em FIFA e definitivamente muito menos que em Madden.
A nível de performance, o jogo corre a 60 FPS fluidos durante os jogos, mas ainda é um daqueles que tem cinemáticas, reposições de jogo e menus a 30 FPS levando a alterações de framerate que são bastante desconfortáveis e dão um aspeto instável ao jogo.
A banda sonora do jogo é bastante boa, pelo menos faz mais o meu estilo que a presente em FIFA ou Madden, com maior foco em Rock. Os comentários do jogo são meh. Servem apenas para encher durante os jogos e repetem bastante. Algo que adorei, no entanto, foram as sirenes e as frases que passam nos altifalantes quando marcam golo, com muitas delas absolutamente hilariantes.
Conclusão
Enquanto novato, diverti-me bastante a jogar NHL 22. Existem imensos modos de jogo e a jogabilidade é bastante intuitiva, mas com profundidade suficiente que permite a um jogador experiente aniquilar qualquer jogador novato. Os jogos são intensos e rápidos e permitem jogadas a alta velocidade, capazes de trocar os olhos ao adversário.
Não é um jogo que recomende se querem jogar o Ultimate Team de forma competitiva sem conhecerem os jogadores da NHL, obviamente. Mas se quiserem um jogo divertido para jogar com amigos localmente e quiserem variar o jogo de desporto que jogam este ano, acho que é uma aposta segura.