Review: Middle-Earth: Shadow of War – Um jogo bom e um jogo mau

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História completa
Bruz, Shelob e Idril
Acto 1 e 2
Muitas, muitas missões
Acto 3 e 4
Problemas de Jogabilidade
80

Middle-Earth: Shadow of War chega como predecessor de Middle-Earth: Shadow of Mordor, algo que só por si já não é fácil, porque o primeiro foi um excelente jogo. O mais interessante é que Shadow of War melhora quase tudo o que vem do primeiro jogo mas, depois já perto do final, parece que foi agrafado um outro jogo, que só lá está para piorar a experiência total e para “justificar” as micro-transacções.

Só no acto final percebemos a razão de terem colocado micro-transacções neste jogo

Durante todo o tempo que joguei Shadow of War sempre me tinha apercebido da existência das micro-transacções mas, como o jogo estava a correr bem e não era desnecessariamente difícil, passaram-me ao lado. O problema surge no acto final, onde o jogo se torna tão cansativo que nos apercebemos realmente qual a razão pelo qual quando vamos ao menu, o jogo nos volta a lembrar: Podias facilitar o teu jogo comprando coisas.

Sistema de Nemesis

Em relação ao primeiro jogo temos um sistema quase igual mas com apenas algumas pequenas alterações muito interessantes. Cada região tem vários Captains, que são soldados reconhecidos pelos seus feitos, alguns Warchiefs, que são basicamente Captains mais fortes, e um Overlord, que é o comandante da fortaleza. O jogo roda todo em volta deste sistema.

A partir do Acto II, porque parece que Talion, o nosso protagonista, se esqueceu como se fazia do primeiro jogo, podemos dominar inimigos, e o sistema de nemesis ganha uma nova vida. Ao controlar alguns capitães podemos começar a conspirar contra os outros, quer seja na tentativa de os matar ou então de recrutar mais alguns para o nosso exército e para a batalha final.

O Sistema de Nemesis está basicamente igual ao do primeiro jogo

Falando agora especificamente dos capitães, vemos uma enorme variedade de personalidades, desde alguns mais sérios, a alguns que estão claramente com uns copos a mais, ou ainda alguns que cantam. Como estes são gerados aleatoriamente não saberão quais vão encontrar em que sítio, o que, sinceramente, é bastante mais interessante, mas também pode causar problemas.

Por exemplo, e isto em específico para os mais fortes, as combinações que vão encontrar podem tornar o vosso inimigo numa lesma ou no Hércules da Terra Média. Podem encontrar um inimigo sem fraquezas, que se defende das vossas melhores estratégias e que, rodeado de inimigos para vos ocupar, ainda recupera vida. Um dos piores casos aconteceu-me numa conquista de um forte, onde o Overlord era impossível de matar, tendo eu ao fim de uma hora morrido e sido salvo por um dos meus capitães que o matou quando eu estava caído no chão.

shadow_of_war_nemesis_system

O sistema de Nemesis serve, finalmente, para a conquista e defesa de fortes. No início, esta não foi uma das minhas partes favoritas do jogo por uma única razão: era demasiado fácil e sem grande interesse. A conquista de um forte começa com a escolha da vossa força de ataque. Esta é constituída pelos vossos capitães dominados e por algumas vantagens que lhes podem comprar.

Em primeiro lugar, estas adições que podem ser uma matilha de caragors, ou hunters, por exemplo, não têm grande efeito prático. Na verdade, parece que o principal é a distribuição dos inimigos pelos vários pontos que têm de conquistar e a força dos vossos capitães. Como estes podem ser colocados de novo em combate quando ficam no chão, e ainda podem recrutar inimigos pelo caminho, esta fase do jogo acaba por ser sempre bastante fácil.

A real dificuldade chega apenas na luta contra o Overlord, onde lutam sozinhos contra ele. Embora, tal como disse anteriormente, a dificuldade apenas depende das fragilidades e invulnerabilidades que ele tem. Ao derrotarem o Overlord começam a controlar a região e podem designar um dos vossos capitães como novo comandante para defender o forte de ataques.

A invasão de fortes não é propriamente difícil, tirando a luta final com o Overlord

No que toca à defesa esta pode ser um pouco mais difícil e mais excitante. No entanto, o que foi feito estragou completamente esta adição. O número de defesas que têm de fazer no acto 4 é completamente absurdo e é uma das principais razões pelo qual este acto é tão cansativo. Se o número fosse mais reduzido, podendo deixar a porta aberta para quem quisesse continuar a fazer tudo o que o jogo oferece, então este acto teria um impacto muito melhor.

História

O jogo divide-se em quatro actos, sendo que os dois primeiros têm a grande maioria da acção e do interesse. O primeiro acto centra-se na defesa de Minas Ithil, a última cidade governada por humanos e que está a ser atacada pelos exércitos de Sauron. Este acto serve principalmente para o jogador se habituar a todas as mecânicas do jogo, tal como para se por um pouco a par do estado do mundo.

A história neste acto é suficientemente boa para nos manter atentos e satisfeitos, juntando a tudo o que podemos fazer neste mapa. E acreditem que podemos fazer mesmo muito. Quando abrirem o mapa pela primeira vez vão ficar quase perdidos no meio de tantas hipóteses, embora muitas delas sejam apenas para completar um pouco a história de algumas personagens.

Não é por falta de opções de missões para fazer que este jogo fica para trás

Uma das personagens mais importantes logo no início do Shadow of War é Shelob. Desde o início que foi uma das minhas partes favoritas da história, e que me vinha intrigando ao longo do jogo. Como queria fazer o mais possível do jogo tinha de saber mais sobre esta personagem. Não fiquei desiludido por mais tarde termos a oportunidade de saber a sua história, apesar de Shelob deixar de aparecer depois do primeiro acto.

É através dela que temos visões do que se vai passar no ataque a Minas Ithil, e tudo o que fazemos anda em volta desta personagem. Outra das personagens mais influentes e que parecia extremamente interessante de início era Idril, a única filha de Castamir, o general que está a organizar a defesa da última cidade humana. É com ela que fazemos grande parte das missões e parece que o seu papel vai aumentando a cada momento.

O que acontece não é exactamente isso… Bastante pelo contrário. A partir do segundo acto esta quase desaparece, aparecendo apenas para algumas missões de resgate. Ao contrário de Shelob que mesmo nos actos seguintes queria continuar a saber mais, Idril passou quase ao lado e era uma personagem mais secundária que qualquer dos vossos capitães.

Em termos de personagens queria focar mais um que marcou o jogo e este é, claro, Bruz, o primeiro capitão que dominam no segundo acto. Este vai aparecer várias vezes ao longo do jogo para explicar as mecânicas dos domínios de capitães. A marca que ele deixa é pelo humor desta personagem. Ultrapassa largamente o do primeiro jogo e que, curiosamente, também está presente neste, Ratbag.

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No final, a história do jogo é interessante, mas vai piorando drasticamente a partir do final do segundo acto, quase deixando de existir depois do terceiro. Isto não é grande elogio visto que o acto 3 acaba em alguns minutos e o acto 4, sem história, é algo para durar muitas e muitas horas.

O pior nisto tudo é que o acto 3 tem alguma história, é verdade, e até consegue ser relativamente interessante, mas acaba em menos de nada. Quando comparado com os dois anteriores, que são extremamente longos, este acaba mal começam a jogá-lo. Embora curto, é necessário para criar um novo início para o que eu pensava ser o próximo jogo da série. Se acabasse aqui acabava em grande. Infelizmente isso não é verdade.

Se o jogo acabasse depois do acto 3 acabava em grande

Eis que começa o acto 4. A minha opinião sincera é: se gostaram do jogo até aqui e não sentirem necessidade de saber o que acontece no fim, então não joguem este acto. O que têm de fazer é defender fortes uma, duas, três, infindáveis vezes, contra hordas cada vez maiores de inimigos. E para quê? Para nada. O último acto é cansativo e inútil e, como verão, apenas uma forma de vos tirar mais alguns euros em micro-transacções antes do jogo acabar.

Quando falharem a defesa têm de voltar a reconquistar o forte, algo que terão de fazer de duas formas: ou voltam a dominar capitães, tendo de escolher os mais fortes, que por vezes não abundam, ou compram no mercado e gastam dinheiro real. Embora exista uma forma de ganhar estas caixas (com vendettas online), vê-se que este acto só serve para fazer dinheiro.

Jogabilidade

Apesar de bom, Shadow of War tem alguns problemas de jogabilidade, mas que, no final, não tiram a ideia de que este é um bom jogo. Em primeiro lugar, o que mais me aconteceu e que me dava vontade de atirar o comando ao chão: o foco dos inimigos na batalha não funciona. Ou seja, quando estão a atacar alguém, por vezes começa a atacar outros inimigos (ou não), em volta.

Digo ou não porque podem atacar aqueles que foram dominados. Apesar destes terem uma cor diferente, no calor da batalha é difícil de notar se estamos a atacar um inimigo ou um amigo. Quando derem por isso, no final de matarem 20 orcs, 15 deles serão inimigos e 5 serão dominados. Para piorar a situação, estes problemas de foco fazem com que falhemos muitas vezes as habilidades.

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Uma das mais úteis na minha opinião é a execução, que se usa numa combinação de dois botões e para a direcção onde estamos virados. Algo extremamente frustrante é quando estamos a lutar contra dois capitães, um deles imune a execuções e, embora estejamos virados para o outro, ele decide que a melhor ideia é atacar aquele que está mais ao lado, perdendo a Might que tanto custou a ganhar.

Embora esteja voltado para alguém, o jogo decide quase sempre usar a habilidade naquele que é imune a ela

Outra coisa que acabava sempre por correr mal era quando estamos a correr, quer seja a pé ou numa mount, qualquer pedra ou pequeno obstáculo que haja no chão, mesmo que só tenha alguns centímetros de altura, é o suficiente para que encontremos ali uma parede invisível que, ou temos de subir, ou ficamos completamente presos tendo de dar a volta.

Existe ainda mais uma coisa que podemos referir e que é a enorme quantidade de skillssub-skills que podem escolher. Cada uma delas pode ser “comprada” com pontos ganhos de cada vez que subimos de nível. Em Shadow of War é bastante fácil ganhar estes pontos pelo que encher totalmente todas as opções é feito relativamente rápido.

A enorme escolha de skills e sub-skills de Shadow of War permite usar muitas estratégias diferentes

Desta forma podemos adaptarmo-nos melhor às batalhas que temos pela frente. Ao podermos comprar vários sub-skills, podemos usar um para uma batalha e outro para outra, dependendo das suas fraquezas. Como obter estes pontos é fácil, então rapidamente poderão começar a fazer as vossas escolhas.

A jogabilidade é o que mais sofre em Shadow of War. Apesar de ser divertido e correr relativamente bem, estamos sempre a ser lembrados de problemas com qualquer coisa que está a acontecer. E isto é válido em quase tudo, excepto nos pequenos vídeos de história. Isso era o que me baixava a consideração pelo jogo. Porque o que está bom está mesmo muito bom, mas há uma boa quantidade de coisas que estão longe de estar bem.

Gráficos e Som

Shadow of War não é espantoso em termos gráficos. É proficiente, mas passa pouco mais disso. Admito que esperava um pouco mais deste jogo. Não estou a dizer que graficamente esteja mau, longe disso, mas as alterações em relação ao primeiro jogo contam-se pelos dedos das mãos. Apesar disso, gostei bastante das execuções finais nas batalhas, ao matarmos um inimigo.

O aspecto físico dos orcs e humanos está bastante bom, principalmente nos personagens mais importantes. O mundo em si também tem bom aspecto, sendo este aspecto mais notório nos mapas onde a natureza reina. Parece mais bonito e real os mapas verdes cheios de árvores do que as montanhas e os rios de lava em alguns dos outros.

Shadow-of-War-mundo

A parte sonora está boa mas há alguns momentos onde ouvimos sons vindos do comando que parecem não concordar com o que estamos a ver. Isto acontece principalmente na apresentação dos capitães inimigos no início de uma batalha, onde por vezes ouvimos sons metálicos agudos estranhos que não se parecem com nada do que estamos à espera.

Veredicto Final

Shadow of War é um jogo divertido e que vos garante muitas dezenas de horas, mesmo para aqueles que querem fazer apenas as missões principais. Por esta razão, em termos de preço por hora de jogo certamente valerá cada cêntimo. Para quem for mais exigente com os elementos do jogo como, por exemplo, a história, é preciso ter em conta que a qualidade deste jogo diminui com o decorrer do mesmo.

Apesar da fraca qualidade qualidade do acto 3 e (muito principalmente) do acto 4, os outros dois garantem que estarão a jogar um bom jogo, com bom conteúdo, muitas e variadas missões e, principalmente, uma história interessante.

Shadow of War é um jogo que, no final, me deixa com sentimentos mistos. Apesar de ter sido muito divertido, acabou por desiludir, não só como continuação do primeiro jogo, mas comparando-o consigo mesmo. Os seus problemas de jogabilidade, o último acto, juntando às micro-transacções desnecessárias, fazem com que perca alguns pontos chave numa nota final que poderia ter sido muito, mas muito melhor, com pouco esforço e mais empenho.

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