Review: Marvel’s Spider-Man – “Amazing”

Excelente jogabilidade
História mais negra que o habitual
Gráficos soberbos
Missões secundárias sem inspiração
89

A rivalidade entre a Marvel e a DC extendem-se além das BDs, como todos sabem. Apesar de a Marvel estar à frente, no que toca ao cinema, quando passamos para os videojogos, a DC é claramente superior, especialmente devido às séries Batman Arkham e Injustice, que são claramente dos melhores jogos dos seus respetivos géneros.

Apesar de serem um pouco inconsistentes no que toca a qualidade, existem jogos de Spider-Man bastante bons, entre os quais destaco o Spider-Man 2 da PS2, Web of Shadows e o primeiro The Amazing Spider-Man.

No entanto, nenhum destes jogos consegue fazer frente à pérola que a Insomniac Games trouxe para a PS4, Marvel’s Spider-Man.

História interessante que inclui vários vilões

Em Spider-Man, tomam mais uma vez o papel de Peter Parker, agora uns anos mais velho, enquanto tenta salvar a ilha de Manhattan de ser destruída por um grupo auto-denominado por Demons, liderado pelo vilão Mister Negative.

Este vilão tem o poder de controlar as pessoas, colocando-as num transe que trás ao de cima as suas piores qualidades. Isto faz com que fiquem violentas e suscetíveis a qualquer ordem que Mister Negative lhes dê.

O facto de a história se passar uns anos mais tarde, oferece uma visão diferente do universo que estamos habituados a ver nos filmes e nos jogos: Peter e MJ estão separados, Jameson está reformado e tem agora um podcast no qual culpa Spider-Man de todos os problemas da cidade (nada de novo), Norman Osborn é o presidente da câmara da cidade, que faz uso do seu poder para conferir à sua empresa controlo praticamente total, no que toca a inovação e ciência.

Uma das coisas mais interessantes na história, é o trabalho de Peter enquanto ajudante de Otto Octavius, que era apenas um bondoso cientista antes de se tornar no Doctor Octopus. Mais interessante ainda, é poder explorar o seu laboratório e ver o progresso que vai fazendo nos protótipos daquilo que se tornariam nas suas armas. Fiquei também bastante surpreendido pela ligação que isto eventualmente teve na história, visto que imaginei que fosse ser uma linha secundária.

A história é surpreendentemente negra e violenta, algo que normalmente se vê mais no universo da DC, mas aqui vemos coisas como execuções, sangue e espancamentos de forma bastante brutal, nada habitual em jogos da Marvel, muito menos de Spider-Man.

A escrita está incrivelmente bem feita, acho que gostei de todos os personagens, sendo MJ a que mais me surpreendeu. Em vez de ser a típica donzela em apuros inútil, aqui é bastante independente e apesar de termos de a salvar de vez em quando, o seu papel na história é muito importante.

Além disso, alguns dos diálogos entre ela e Peter são capazes de nos colar ao ecrã e conseguem saltar entre o sério e o cómico, desenvolvendo a relação entre os dois de forma bastante credível.

No geral, a história é muito boa, com um final triste, mas pós-créditos que preparam o futuro de forma satisfatória. A única reclamação que tenho, é a oportunidade perdida que a Insomniac teve de introduzir um meme bastante conhecido no jogo, durante uma missão em que vamos a uma festa da universidade e várias pessoas estão vestidas de Spider-Man.

Uma cidade viva e com uma escala incrível

Acho que nunca nenhum jogo conseguiu recriar a cidade de Manhattan com o detalhe, vivacidade e escala que Spider-Man apresenta.

A cidade apresenta uma verticalidade surpreendente, com imensos detalhes e ruas populadas por centenas de NPC que possuem as suas próprias rotinas. Todos os elementos da cidade reagem às nossas ações.

Este é a melhor característica que Spider-Man oferece, a jogabilidade. É fluída, intuitiva e espetacular. O nosso herói possui animações para atravessar qualquer tipo de obstáculo. Se forem contra as escadas de incêndio dos prédios, vai fazer uso dos corrimões para as atravessar e ganhar velocidade, ou esticar-se para passar no espaço entre a parede. Ao embaterem contra uma parede, imediatamente começa a correr.

Com os elementos que estão no chão, isto mantém-se. Se passarem rente aos transeuntes, estes vão se baixar para evitar a colisão, ao caírem no chão perto de uma pessoa, esta vai dar um salto de surpresa. Se aterrarem no tejadilho de um carro, este vai parar devido ao embate e o dono vai reclamar convosco.

Este tipo de interações é incrível e torna o simples ato de atravessar a cidade, num prazer em vez de obrigação. Eventualmente desbloqueiam um sistema de “Fast Travel”, mas não o usei nenhuma vez, especialmente depois de desbloquear aumentos de velocidade para o personagem, que ofereceu ainda mais adrenalina durante as viagens.

Far Spider-Man’s Creed?

Uma das coisas que Spider-Man fez de menos bom, foram as atividades secundárias. Estas estão ligadas ao sistema de progressão, que é bastante bom por sinal, mas parece que foram retiradas de jogos da Ubisoft.

Para desbloquear novas ferramentas, fatos e upgrades, vão precisar de tokens. Estes tokens são obtidos ao completar certos objetivos existentes pela cidade. Por exemplo, podem recolher mochilas que Peter deixou espalhadas em certos sítios, tirar fotos a locais conhecidos da cidade, mas o resto, é aquilo a que estamos habituados a ver em jogos como Far Cry ou Assassin’s Creed.

Para começar, o mapa está encoberto e temos de interagir com torres para o desbloquear. Apesar de ser rápido e o puzzle ser simples, o número de torres podia ter sido, quanto muito, mais reduzido.

Depois temos o típico “outpost”, neste caso locais de construção ou armazéns onde grupos de gangues inimigos se escondem e temos de derrotar vagas. Depois temos missões por tempo, nas quais temos de desativar bombas. É o tipo de atividade que já vimos noutros jogos, e parece que a Insomniac podia ter sido bem mais original quando as desenvolveu, visto que são estas atividades que aumentam a longevidade do jogo.

Apesar de se tornarem repetitivas, nunca se tornam propriamente cansativas, muito devido à jogabilidade incrivelmente refinada.

No que toca a combate, vemos um sistema parecido ao dos jogos Batman Arkham, com um sistema de esquiva semelhante, mas mais leve e com mais interação no cenário. Existem muitos objetos, que ao carregarmos L1+R1, podemos utilizar como arma de arremesso.

Também podemos combater no ar, com um sistema muito bom, que nos permite fazer combos inteiros sem nunca tocar no chão. Também temos acesso a várias ferramentas de teias, que podemos utilizar para prender os inimigos às paredes, deixando-os imobilizados instantaneamente.

Em algumas missões, vamos jogar também com MJ ou Milles Morales, sendo que aqui a jogabilidade muda completamente, passando para missões furtivas, nas quais temos de distrair os inimigos para podermos ter espaço para atravessar os cenários.

As primeiras missões deste tipo não me agradaram muito, talvez devido à enorme mudança de ritmo. No entanto, mais para à frente começamos a interagir mais com os inimigos e objetos do cenário, e o próprio Spider-Man começa a ter um papel secundário, permitindo uma visão interessante do que é estar do outro lado.

Gráficos, Performance e som

Graficamente, Spider-Man é absolutamente espantoso. Joguei na PS4 normal e fiquei surpreendido pela fluidez como corre, mesmo com a quantidade de efeitos presentes.

A Draw Distance é enorme, do edifício mais alto conseguimos ver a cidade inteira, é raro ver objetos fazerem pop-in nos cenários, os prédios estão incrivelmente detalhados, sendo que muitos até apresentam o interior das casas e os reflexos, apesar de pré-carregados, são realistas e mudam dependendo do ângulo a que vemos esses reflexos. Gostaria de ver isto a correr num PC com o novo efeito RTX da Nvidia, para ter uma noção de como seria esta nova tecnologia num jogo de mundo aberto desta qualidade.

A banda sonora é também muito boa e apresenta músicas do estilo do que vimos nos filmes, sendo que algumas parecem retiradas da série Avengers. O voice acting dos atores está no ponto e não notei nenhum tipo de momento que fosse considerado cringe ou mau. A isto ajuda o trabalho de captura de movimentos que torna os personagens bastante vivos e realistas, com elementos como o reflexo da luz nos olhos ou a textura da pele a brilharem aqui.

Conclusão

Marvel’s Spider-Man é de longe, o melhor jogo de Spider-Man já feito. Apenas não é o melhor jogo de super heróis já feito, porque Batman Arkham City existe. Ainda assim, a história excelente, juntamente com a jogabilidade refinada e o trabalho gráfico brilhante, fazem deste um jogo obrigatório para a vossa biblioteca. Apenas tenho pena que as atividades secundárias tenham sido deixadas um pouco de parte.

 

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