Review – GYLT

GYLT é um jogo de terror lançado em 2019 como um dos únicos exclusivos do agora defunto serviço Stadia, da Google. Desenvolvido pela Tequila Works, o mesmo estúdio responsável pelo conhecido Rime, GYLT esteve no limbo durante uns bons meses desde que a Google desligou o Stadia, mas é agora lançado nas restantes plataformas como o Steam, Xbox ou Playstation.

Uma história sobre as consequências do bullying

Em GYLT jogamos com Sally, uma rapariga que durante vários meses tem procurado pelo paradeiro da sua prima Emily, que desapareceu de forma misteriosa.

Após ser perseguida pelos bullies da sua escola, Sally acaba presa na montanha ao lado da cidade onde vive depois de se despistar com a bicicleta que acabou inutilizável.

Para regressar a casa, tem de entrar a bordo do teleférico faz a ligação entre a montanha e a cidade mas algo bastante estranho acontece e Sally depara-se com algo que se parece com a sua cidade, mas está completamente em ruínas.

No entanto, para sua surpresa, ao passar pela escola encontra-se com Emily que aparentemente tem passado todos estes meses escondida nas instalações sem que ninguém soubesse.

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Ao entrar na escola, Sally descobre que esta não é realmente a sua cidade, mas sim uma cópia desta que se encontra infestada de aberrações tiradas dum pesadelo, prontas para atacar qualquer pessoa que se atreva a cruzar-se à sua frente.

GYLT é no fundo um jogo de terror mas também uma demonstração do terror que o bullying pode causar numa criança. Toda a cidade está distorcida e repleta de pinturas e manequins que demonstram atos de bullying e mesmo os monstros acabam por ser um paralelo aos bullies que vitimizaram Emily durante tanto tempo.

Para contornar os monstros que encontramos pelo caminho, Sally pode fazer uso da sua furtividade e tamanho mais pequeno para se esconder em condutas caso seja detetada, assim como usar latas ou uma lanterna para atrair os inimigos para fora das suas rotas, de forma a passar sem ser detetada.

O sistema de stealth neste jogo é bastante simples, diria que ainda mais simples do que temos por exemplo, em Plague Tale. Ainda assim, quando começamos a ter vários inimigos na mesma rota, estas secções acabam por ser bastante intensas.

Mas é ao fim de dois ou três níveis que GYLT dá um tiro no pé e deita todos estes sistemas para o lixo.

Eventualmente, encontramos uma lanterna mais potente. Esta permite-nos apontar um feixe de luz contra os pontos fracos dos inimigos, eventualmente acabando por os destruir. Outros gadgets que encontramos incluem um flash que podemos usar para atordoar vários inimigos que nos atacam, permitindo que consigamos fugir ou simplesmente matar pelo menos um deles e um extintor que congela certos inimigos que não podem ser derrotados pela luz.

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Geralmente, gosto de me poder defender nos jogos de terror, dá-me algum controlo e impede que fique com a sensação de estar à mercê da IA do jogo. Também permite aumentar um pouco o ritmo do jogo, evitando que se torne aborrecido e demasiado lento devido à furtividade.

Mas GYLT abusa disto e acaba por sofrer por causa disso. Para começar, a lanterna usa bateria mas a quantidade de bateria que utilizamos para matar um inimigo é absurdamente baixa. Existe a possibilidade de os derrotar instantaneamente com um ataque pelas costas, mas a bateria que isso gasta é o equivalente a derrotar 4 ou 5 inimigos com o feixe normal.

Depois, os inimigos que derrotamos ficam derrotados para o resto do jogo, ou seja, ao fazermos backtrack para zonas anteriores, não sentimos qualquer tensão pois sabemos que não existem inimigos para nos atacar. Além disso, em quase cada divisão de toda a escola e areas circundantes, existem dezenas de baterias que podemos usar para recarregar a lanterna, ao ponto de ter derrotado literalmente todos os inimigos que era possível antes de acabar o jogo e ainda existiam várias baterias por apanhar.

Acho que devia ter existido um custo maior por usar a lanterna, em especial se os inimigos não voltam a aparecer para que a sensação de terror não fosse completamente eliminada do jogo.

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Existem vários colecionáveis para descobrir e um deles permite até desbloquear o final “bom”. Caso contrário apenas terão os dois “maus” para ver. É perfeitamente possível concluir todos antes de completar o nível final e mesmo que não os descubram antes do fim do jogo, podem sempre fazer load do vosso save e continuar antes de tomarem a decisão final ou escolher o modo que vos permite continuar a explorar a cidade à vontade.

GYLT não é um jogo longo, quando o acabei já tinha 100% dos colecionáveis desbloqueados e vi os 3 finais, algo que me demorou pouco mais de 5 horas a fazer.

Gráficos, performance e som

Graficamente, GYLT é o típico jogo desenvolvido em Unreal Engine 4, mas possui uma direção de arte bastante boa quer nos cenários, quer nos inimigos.

A performance é bastante boa, não tive qualquer problema em correr o jogo, apesar de ter uma máquina bastante boa mas acredito que mesmo em PCs mais modestos seja possível corrê-lo de forma bastante satisfatória

A música não é propriamente memorável mas algo que achei curioso é a música de suspense que dá quando somos detetados continua por uns segundos, mesmo depois de derrotarmos todos os inimigos. Acaba por ser também uma espécie de consequência de ser tão fácil derrotar os inimigos.

O voice acting é bastante bom, especialmente o de Sally, que acaba por ser muito positivo quando a maioria das falas que temos são monólogos.

Conclusões

GYLT, apesar de ter alguma crise de identidade devido à forma como foram equilibrados os gadgets que usamos para nos defender, não é um mau jogo, mas também não é nada de especial.

Se não forem propriamente fãs de jogos de terror, diria que é um jogo interessante para entrarem no género e se habituarem a quantidades mais baixas de tensão que o jogo causa, pelo menos no início e no fim.

Mesmo custando abaixo do típico jogo, 20€, diria que demorando pouco mais de 5 horas para completar a 100% e sem qualquer valor de repetição faz com que a minha recomendação seja para esperarem por um desconto.

Review dos Leitores0 Votes
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O Melhor
Boa analogia aos problemas do Bullying
Bom voice acting
Boa performance técnica
O Pior
Alguma crise de identidade
Preço ligeiramente alto para o tempo que demora a ser concluído a 100%
Secções de stealth podem ser um pouco aborrecidas

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