Review Destiny 2: Bungie 30th Anniversary Pack – O estado de Destiny 2 pré-Witch Queen e os problemas da monetização

Com quase 2500 horas de jogo em Destiny 2, é óbvio que se trata de um dos meus jogos favoritos e um que jogo regularmente. Apesar de ser um meme perguntar de forma iríonica se o jogo ainda está vivo sempre que surge uma notícia nova, a verdade é que Destiny 2 está bem vivo e recomenda-se.

Aliás, Destiny 2 nunca esteve em tão bom estado como está atualmente. A Bungie introduziu imensas mudanças estruturais no motor de jogo que permitem updates muito mais frequentes, tem ouvido as queixas e recomendações da comunidade permitindo um melhor equilíbrio entre as vertentes de PVP e PVE e melhorou imenso a forma como conta a história entre cada temporada, ao ponto de mesmo os jogadores hardcore de PVP comecem também a jogar mais PVE.

A temporada atual, Season of the Lost, é a maior que já tivemos no jogo visto que começou em Agosto e vai terminar no fim de Fevereiro com o lançamento da nova grande expansão, The Witch Queen.

Mesmo com o sistema de temporadas, ainda estamos a falar dum intervalo de 6 meses entre lançamentos, portanto a Bungie decidiu aproveitar a data do seu 30º aniversário e lançar um update com conteúdo agora em Dezembro, para refrescar um pouco o jogo e gerar algum hype para a expansão de Fevereiro.

Apesar do conteúdo deste pacote ser bastante bom, é uma clara capitalização da nostalgia dos jogadores. Com o lucro que a loja do Eververse faz, podia perfeitamente ter sido um conteúdo gratuíto, uma prenda de Natal para os jogadores por acompanharem e apoiarem o estúdio ao longo destes anos todos.

É que nem tudo no pacote é pago, existe conteúdo gratuíto e conteúdo pago, o que torna o valor exigido pelo pacote (25€) absurdo.

Dares of Eternity é a nova atividade para 6 jogadores

O conteúdo gratuíto do pack de aniversário é o Dares of Eternity. Os jogadores vão visitar uma realidade paralela com a típica arquitectura dos Nine, a misteriosa entidade que manda em Xûr, o conhecido vendedor que aparece todos os fins de semana com novo equipamento exótico e agora também não-exótico.

A atividade funciona como uma espécie de concurso de tv no qual temos de completar diversas arenas para agradar ao Starhorse, um cavalo literalmente feito de estrelas que nos diz através de diversos tipos de relinchos, claramente distinguíveis pelas legendas que surgem no ecrã, se está contente ou não com a nossa performance.

Os comentários de Xûr também são bastante cómicos, especialmente quando são a gozar com outras falas ou elementos do jogo e dão ao personagem uma personalidade que até agora nunca tínhamos visto. É quase uma espécie de versão em férias do Xûr.

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A atividade são essencialmente 3 arenas cujos inimigos são escolhido aleatóriamente. Existe uma fase para derrotar inimigos e outra com diversos objetivos, muitos deles já existente noutras atividades antigas do jogo.

Cada combate é altamente caótico, com uma excelente densidade de inimigos desde os mais fracos até os já habituais Champions que só podem ser atordoados com certas armas e mods.

Dares of Eternity é provavelmente a melhor atividade sazonal que a Bungie lançou desde o Sundial em Season of Dawn e provavelmente até está ao nível da Menagerie, uma das atividades favoritas dos jogadores de Destiny 2 que infelizmente se encontra a ganhar pó no Content Vault criado pela Bungie na altura do Beyond Light.

O que estas 3 atividades têm em comum: o local onde se jogam, o tipo de objetivos e as recompensas.

A Menagerie era um novo olhar sobre o enorme Leviathan, que até lá só podíamos visitar nas raids do ano 1. O Sundial ocorria em Mercúrio, que mal era visitado desde a expansão Curse of Osiris e tinha uma dinâmica interessante quando saltavamos entre arenas. Dares of Eternity passa-se no reino dos Nine, que já tínhamos visitado por diversas vezes em atividades como a Prophecy Dungeon ou o já extinto Reckoning e até em certos mapas do PVP.

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Todos estes locais possuem excelente geometria para arenas de combate, com locais para recuar e ganhar vantagem sobre as hordas de inimigos.

Os objetivos também se adaptam bem a qualquer uma das arenas, desde tirar escudos a minotauros Vex usando a cabeça de Goblins especiais que destruímos, a ter de destruir cristais usando um buff que certos Hive Knights largam ao serem destruídos, até termos de derrotar um tanque dentro de uma sala fechada, que é imediatamente derretido pela quantidade de formas diferentes que existem de causar enormes valores de DPS (dano por segundo) neste jogo.

Esta combinação de objetivos intuitivos e boa densidade de inimigos faz com que um evento de 10-12 minutos passe completamente a voar, ao ponto de já ter feito quase 30 vezes e ainda não ter enjoado.

Por fim, as recompensas são excelentes. A menagerie teve algumas das melhores armas já feitas em Destiny (DEP Austringer e Beloved). As armas do Sundial eram verdadeiramente fenomenais em design e funcionalidade mas infelizmente já não estavam incluídas nas armas que se iam manter quando a Bungie decidiu acabar com o “sunsetting” das armas antigas.

Sendo o 30º aniversário da Bungie, o estúdio decidiu introduzir armas claramente inspiradas no arsenal de Halo e outros jogos ainda mais antigos da Bungie. Os principais destaques são a Battle Rifle e a Magnum que aqui voltam como uma pulse rifle e uma sidearm e são altamente eficazes no pvp e pve. A Magnum, aqui chamada Forerunner é uma das melhores armas no PVP atualmente, com um alcance incrível e capaz de derrotar inimigos com 3 tiros na cabeça, o que a torna numa das armas com melhor time to kill neste modo.

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Ao terminarem o boss final do Dares of Eternity, recebem uma arma ou armadura da World Pool e uma Treasure Key. Esta chave é usada num baú ao pé de Xûr na sua nova sala de tesouro ou podem trocar por ornamentos, naves e sparrows ao atingir um certo nível na reputação da atividade.

Ainda podem obter chaves adicionais com as caixas que obtêm ao terminar as bounties do Starhorse e até nos “Lightning Rounds” que é uma espécie de ronda bónus após derrotarem o boss final do Dares of Eternity, que consiste em 3 vagas de captura de objetivo e confere até 3 baús extra ao terminarem.

Loot Cave: de bug a meme e agora uma das melhores dungeons do jogo

O conteúdo pago deste pacote é uma nova dungeon chamada Grasp of Avarice. A dungeon tem início na lendária Loot Cave do Cosmodrome que foi uma das principais fontes de loot no Vanilla Destiny 1.

A Bungie deu um tema de piratas à dungeon com excelente música a condizer e incluiu algumas paródias como o facto de a mecânica principal da atividade ser derrotar inimigos que largam Engramas exóticos que temos de usar para ativar uns cristais. Fartei-me de rir quando vi isto pela primeira vez.

As primeiras secções da dungeon estão repletas de armadilhas que aumentam o nível de trolling para valores nunca antes vistos em conteúdos de Destiny 2 e a lore que foi criada para eta dungeon é incrível, tendo em conta que estamos a falar de um cantinho de um mapa que servia apenas para obter loot fácil.

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Os diversos encontros são bastante agradáveis e é a primeira dungeon que não tem um único encontro que não tenha gostado, o que significa que quando pudermos farmar o loot a partir de dia 14 de Dezembro, é algo que farei com todo o gosto.

O loot da dungeon também é excelente. O design das novas armaduras é provavelmente um dos melhores já feitos em Destiny 2 e se fizerem a dungeon no modo Master, estas vêm co mais um slot para mods, o que abre imensas possibilidades para build crafting e é uma excelente alternativa às armas adept, que não aparecem nesta atividade.

As armas incluem alguns dos “Greatest hits” de Destiny 1 como 1000 Yard Stare (a minha sniper favorita desse jogo), Eyasluna que era um dos Hand Cannons mais consistentes e favoritos para PVP, Matador 64 que aterrorizou o PVP de Destiny 1 durante meses e a Hero of Ages, uma Claymore inspirada em Myth, um jogo antigo da Bungie e que possui combinações de perks muito interessantes.

O principal destaque é o regresso da lendária Gjallahorn que agora inclui um catalisador que a torna numa das melhores armas para derreter bosses no jogo todo. Para a obter apenas têm de concluir a Dungeon e uns passos de quest muito simples e para o catalisador têm de abrir 3 baús secretos usando uma mecânica especial.

Um dos maiores updates de Sandbox da série

Mais do que um pacote de conteúdos, o update incluiu imensas mudanças de sandbox, naquele que é o maior update de equilíbrios já lançado na série Destiny.

A Bungie fez várias mudanças no motor de jogo que lhe permitem alterar de forma mais granular cada um dos aspetos das habilidades, fazendo com que seja possível alterar cooldowns, dano e separar os efeitos entre o PVP e PVE.

O objetivo deste update foi tornar as habilidades mais fortes no PVE enquanto reduz o uso das mesmas em PVP, dando-lhes um objetivo mais concreto e em certos casos, aumentando a relação risco/recompensa ao utilizar certas habilidades.

Por exemplo, algumas granadas agora conseguem matar um adversário ao acertar, mas a Bungie praticamente removeu qualquer assistência que permitia acertar estas habilidades de forma mais fácil, o que requer melhor posicionamento e pontaria para tirar o máximo proveito das mesmas.

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O Shoulder Charge do Titan já não derrota inimigos com um golpe, mas foi aumentado o cone de assistência, distância e velocidade, tornando-as numa habilidade ideal para derrotar um inimigo com pouca saúde que esteja a fugir ou até para fugir de um combate.

A principal mudança foi na forma como as habilidades de Stasis funcionam no PVP, especialmente o Shatterdive dos Hunters que era claramente a habilidade mais tóxica do PVP, que agora é muito mais difícil conseguir uma morte, visto que os cristais das granadas já não congelam os outros jogadores. Para compensar isto, a Bungie deu um buff enorme de 100% no dano no PVE, tornando a habilidade muito mais útil para limpar hordas de adversários de uma vez.

O resultado destas mudanças é um PVP muito mais focado no combate com armas, que está bastante mais equilibrado do que estava há um ano atrás, com imensas opções viáveis para usar e apesar de existirem várias armas bastante fortes, existem outras que servem para contrariar o seu poder.

O estado de Destiny na reta final para Witch Queen

Pela primeira vez, provavelmente desde que Destiny existe, vamos para uma expansão com o jogo num estado em que se a expansão não for bem sucedida, pode ditar o fim da série. Claro que se The Witch Queen for um falhanço, a Bungie já mostrou que é capaz de recuperar e a forma como tem ouvido a comunidade significa que está mais predisposta a implementar aquilo que falta.

O estado da sandbox está no seu ponto mais alto, provavelmente desde sempre com um foco maior no gunplay que sempre foi excelente no PVP, enquanto permite uma enorme personalização de builds tanto no PVP como no PVE. Os mods sazonais têm sido uma boa maneira de rodar as “metas”, de tornando certas armas pouco utilizadas em algo apetecível para atividades mais difíceis, como foi o caso das Fusion Rifles nesta temporada.

No entanto, existe um grande problema com Destiny: “é difícil vendê-lo como um produto a jogadores novos” citando um dos meus colegas de jogo.

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E na realidade, é difícil tentar trazer jogadores novos para Destiny quando constantemente se ouve a Bungie anunciar que vai atirar conteúdo para o DCV, conteúdo esse que os jogadores pagar e agora vão perder acesso. Claro, nesta altura não ando a fazer atividades sequer da temporada passada, quanto mais de uma expansão que saiu há mais de dois anos, por isso a mim nem me faz confusão e se a nível técnico torna o jogo mais leve e permite à Bungie meter novo conteúdo com mais “chicha” no jogo, então metam lá isso no baú.

Mas tentem convidar algum amigo vosso neste momento, para jogar um jogo que tem uma experiência free to play bastante fraca (é basicamente apenas um aperitivo), no qual têm de comprar as expansões Shadowkeep, Beyond Light e The Witch Queen, mais os season pass para terem acesso às atividades e armas das temporadas, que significam um custo de cerca de 200€.

Este pack de 25€, sinceramente é bastante caro quando o conteúdo são apenas alguns emotes, ornamentos, uma Dungeon com armas (a maioria já existiam em Destiny 1) um set de armaduras e a Gjallahorn. 15€ seria algo mais fácil de aceitar, considerando que um passe de temporada custa 10€ e inclui uma atividade sazonal (que aqui é oferecida gratuitamente), novas missões especiais e progressão na história, missões exóticas e sets de armadura.

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Esta preço de 25€ essencialmente por uma Dungeon é preocupante quando as novas Dungeons de Witch Queen apenas estão incluídas na Deluxe Edition em vez de nos passes de temporada em que saem. Esperemos que não seja este o preço para quem queira comprar individualmente.

Mas para concluir, tirando o preço alto e sejamos sinceros, é possível encontrar bem mais barato em vendedores autorizados, os ornamentos são porreiros, os sets de armadura da Dungeon são incríveis (especialmente para usar no transmog) e as versões “adept” com mais um slot vão ser uma mais-valia para criarem builds em The Witch Queen. As armas possuem perks novos e são bastante boas.

Quanto ao conteúdo gratuíto, o Dares of Eternity é uma atividade espetacular com armas que são altamente poderosas e relevantes para a “meta”.

Esta é uma boa altura para experimentarem o jogo, caso nunca tenham jogado ou para voltarem se estiverem em pausa, uma vez que não só têm bastantes desafios semanais para completar, ainda têm os triunfos do Moments of Triumph para completar, um evento anual que costuma sair antes da nova expansão e permite obter várias recompensas por jogar as várias atividades do jogo, incluíndo um título para o vosso personagem se completarem um certo número de triunfos.

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