Análise – Cuphead: Pepperidge Farm Remembers [REVIEW]

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Arte brilhante
Excelente jogabilidade
Banda sonora
Inimigos extremamente originais
Esquema de controlos pouco intuitivo
Versão Windows Store com problema de gravação
98

Quando Cuphead foi anunciado na E3 de 2015, imediatamente chamou a minha atenção devido aos incríveis visuais, que recriavam de forma perfeita os desenhos animados dos anos 30, que ainda davam no Cartoon Network quando era miúdo.

Obviamente que o hype foi enorme, assim como as desilusões de ver o jogo ser constantemente adiado.

Isso levou a que o entusiasmo sentido na altura se tenha perdido um pouco mas, pelo menos no meu caso, voltou completamente quando vi a data de lançamento final do jogo.

O jogo foi adiado sucessivamente…

Mas será que o jogo cumpriu o que prometeu? Ou os adiamentos sucessivos danificaram este jogo promissor?

Cuphead & Mugman – Filhos do Diabo Negro

A história segue os dois heróis Cuphead e Mugman, que ao se aventurarem em terreno desconhecido, acabam por entrar num casino.

Após uma série de vitórias, são desafiados pelo Diabo para mais uma ronda, desconhecendo que se tratava de uma armadilha. Derrotados, são obrigados a trabalhar para o Diabo como cobradores de dívidas, caso contrário as suas almas serão tomadas.

A história é bastante simples, sendo que o desenvolvimento dos personagens é feito através das lutas contra os devedores.

Nunca apostem com o Diabo

Estes bosses, constituem o grosso do jogo, que se trata de um “boss rush”, no qual cada nível é constituído por uma luta contra estes inimigos poderosos. No entanto, uma das razões do adiamento do jogo, foi para adicionar mais algum conteúdo, que falarei mais abaixo.

cuphead_devil

Em termos de desenvolvimento, é extremamente interessante ver como os bosses vão mudando os seus padrões de ataques, começando relativamente simples e acabando num autêntico “bullet hell”.

Também é aqui que se faz algum desenvolvimento, uma vez que cada inimigo puxa das suas melhores armas para não ter de pagar a dívida ao Diabo.

Estas dívidas não são monetárias, sendo que os bosses perdem as almas ao serem derrotados, daí ser impossível não entender o facto de os devedores se tornarem extremamente agressivos ao serem encurralados.

Vendo do ponto de vista contrário, podemos dizer que Cuphead e Mugman são quase os vilões desta história, mesmo que o façam pela sua própria sobrevivência.

O jogo pode ser terminado em pouquíssimas horas, ou nunca ser terminado, pelo que a sua duração depende muito do quão bom sejam no jogo.

Lutas de bosses espetaculares

Lembram-se de quando os jogos ainda eram originais e difíceisCitando a famosa frase…

Pepperidge Farm remembers

As lutas de bosses em Cuphead são incrivelmente originais e espetaculares. Vão constantemente ser surpreendidos pelos novos ataques que são atirados contra vocês.

Cuphead_Fun_House

E não esperem uma viagem fácil, Cuphead é um jogo extremamente difícil e em partes, lembra bastante os jogos Run ‘n gun das antigas arcadas.

O jogo é muito punitivo e isso pode ser frustrante, mas a arte e música faz com que consigam continuar a jogar, tornando-vos quase em masoquistas. Do outro lado da moeda, sempre que conseguem avançar nas lutas e derrotar os inimigos, o sentimento de satisfação é enorme e impele-vos a continuar a jogar.

Os bosses têm tanto de original como de desafiante

Além das lutas de bosses, ainda têm uns níveis chamados Run ‘n Gun, que se assemelham mais a jogos clássicos como Contra ou Metal Slug, que envolvem níveis de plataformas e vários tipos de inimigos e mecânicas.

Um destes níveis envolve uma mecânica semelhante à do jogo VVVVVV, no qual alternam entre andar no chão e no teto, enquanto têm de se desviar dos inimigos que surgem.

Cuphead_Car_Race

Estes níveis providenciam uma mudança interessante na jogabilidade, mas mesmo assim não deixam de ser incrivelmente difíceis. É aqui que obtêm as moedas do jogo, com as quais podem adquirir poderes.

Jogabilidade fluida e precisa

A jogabilidade de Cuphead é um dos melhores pontos do jogo. É muito precisa e fluída, com movimentos simples, mas que são o ideal para um jogo que tem muitos momentos de bullet hell.

Cuphead dispara balas dos dedos, algo que achei bastante cómico e imediatamente me lembrou a luva de baseball de Dead Space 2.

Os controlos fluidos, tornam jogar Cuphead num prazer

Além de disparar, podemos fixar o personagem no lugar e apontar em vários ângulos, para maior precisão. Podemos ainda esquivar dos ataques, algo que vamos usar muito em lutas e secções de plataformas e um sistema de parry.

Este sistema de parry é algo que não me agradou muito no início, uma vez que requer que saltem e depois carreguem novamente no botão de salto, o que faz com que batam em objetos que sejam cor de rosa.

Cuphead_Roulette

O problema é que por vezes existem situações nas quais não faz sentido saltar, como objetos que vêm perto do chão, sendo que é mais fácil simplesmente esquivar, que arriscar a falhar o parry e perder uma vida.

Esta mecânica é provavelmente uma das mais importantes do jogo, uma vez que permite que carreguem mais rapidamente o vosso ataque especial, que causa bastante dano aos bosses. As lutas finais também têm um enorme foco no parry, pelo que é essencial aprenderem a usá-lo o mais depressa possível.

Existem alguns níveis que alteram a jogabilidade completamente, nos quais Cuphead pilota um avião. Apesar de ser essencialmente a mesma coisa, agora apenas podem disparar numa direção, a esquiva transforma-vos num avião mais pequeno e rápido, mas com menos alcance e poder de fogo.

São níveis que realmente lembram aqueles clássicos do bullet hell, como Ikaruga ou Gradius.

Progressão interessante

A progressão em Cuphead, é um pouco diferente do habitual. Em vez de termos um sistema de skills, com uma enorme árvore para desbloquear novos poderes, temos um progresso mais orgânico, na medida em que a experiência ganha vai para o jogador, em vez de o personagem.

Cuphead_Chipstack

Há medida que vamos derrotando inimigos cada vez mais complexos, os nossos reflexos e táticas vão-se adaptando mais rapidamente. É algo que vemos sempre que somos derrotados, mas conseguimos avançar um pouco mais nas lutas.

O mais parecido com os skills tradicionais, são os poderes que podemos equipar. As moedas que coleccionamos no modo Run ‘n Gun, permitem-nos adquirir certos tónicos que ao serem equipados nos dão bónus.

Quanto mais jogarem, melhores serão, mas não esperem a vida facilitada

No entanto, não é possível equipar todos os poderes ao mesmo tempo, sendo que temos de escolher entre dois tipos de tiros, um super poder e um amuleto.

É bastante importante adequar o equipamento ao nível onde estamos, pois existem alguns poderes que dão um bónus, mas retiram-nos alguma coisa, como aquele que nos aumenta o número de vidas, mas faz com que causemos menos dano.

Cuphead_Totem

É aqui que podemos escolher entre demorar mais tempo no combate, mas ter mais margem de manobra, ou confiar que não iremos cometer grandes erros e despachar o combate o mais depressa possível.

Também é importante saber gastar as moedas, pois não teremos acesso a todas imediatamente. Isto significa que, em cada mundo, terão de ver as lutas de bosses pelo menos uma vez e decidir quais são os melhores equipamentos para cada.

É aqui que entra a parte difícil: não é possível ver quais são todos os poderes que o jogo tem para oferecer, sendo que alguns só estão disponíveis após comprarem o nível anterior.

Pessoalmente, achei que os melhores poderes para começar eram o tiro teleguiado, o que permite fazer parry só saltando uma vez e o que permite não sofrer dano ao esquivar.

Inkwell Isle

Inkwell Isle, é o nosso mundo de jogo. É dividido em 4 zonas, com diferentes NPC e temáticas.

cuphead isle

A primeira é uma espécie de zona rural, com florestas, campos de flores e hortas. A segunda é um parque de diversões com montanhas russas, rodas gigantes e todas as atrações normais nestes parques. A terceira é uma zona costeira, com prédios altos e zonas de construção. A quarta zona é bastante interessante, mas não vou estragar a surpresa.

A transição entre níveis faz-se num mundo com atalhos e segredos para explorar

Os NPC também são bastante originais, apesar de não podermos interagir muito com eles, tirando falar. Seria interessante que tivessem um papel nalgumas lutas.

Gráficos e som

Graficamente, Cuphead é um jogo fascinante. A forma como conseguem transformar os cartoons dos anos 30 em algo jogável, sem perder a sua essência é simplesmente de outro mundo.

Além disso, o jogo no PC corre extremamente bem, sempre a 60 FPS, o que é muito importante num jogo que requer tanta precisão e boa resposta dos comandos.

Cuphead_Baroness_Von_Bon_Bon

Gostaria que fosse lançado um modo a preto e branco, mas infelizmente isso seria difícil, devido à quantidade de dicas visuais a que temos de estar atentos.

Os desenhos animados dos anos 30 estão fielmente retratados

A nível de som, a música é tão boa, que não me importei de morrer tantas vezes, só para poder ouvir aquele Jazz excelente, capaz de temas suaves a grande fanfarra, sempre no tema do jogo.

Provavelmente uma das melhores bandas sonoras dos últimos anos, especialmente nesta geração de consolas

Conclusão

Cuphead justifica plenamente o hype e os adiamentos. É um jogo incrível, sem praticamente nenhuma falha de relevo que estrague minimamente o jogo. A única coisa que poderia apontar, é o esquema de controlos por definição pouco intuitivo, mas facilmente corrigido nas opções.

Um jogo incrível, quase sem nenhuma falha que perturbe a experiência de jogo

O jogo está disponível na Xbox One e PC por 20€, um preço bastante amigo considerando a qualidade e conteúdo do jogo. No entanto, evitem a versão da Windows Store se forem apenas adquirir para PC, uma vez que por vezes a aplicação da Xbox perde a sincronização e deixa de gravar o progresso. Isso fez com que perdesse uma boa parte do que já tinha jogado, tendo de recomeçar quase do zero.

Cuphead tem argumentos suficientes para se tornar um fenómeno ao estilo do que aconteceu com Undertale. Tal como o já considerado jogo de culto, Cuphead é um forte candidato a jogo do ano.

O que vos parece Cuphead? Vão comprá-lo?

 

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