Review – Call of Duty Modern Warfare

O bom
Grafismo excelente
Performance excelente
Campanha divertida e chocante
Multijogador viciante e cheio de conteúdo
Crossplay revolucionário
O mau
Alguma falta de equilíbrio
Alguns modos pouco trabalhados e sem mapas memoráveis
80

O Call of Duty deste ano, volta a ser desenvolvido pela Infinity Ward e é um reboot da série Modern Warfare, aquela que tornou Call of Duty no colosso mundial que temos hoje.

A principal promessa de Modern Warfare é o regresso ao conflito moderno, com os pés assentes no chão, sem jetpacks nem aqueles gadgets futuristas que afastaram muitos fãs da série.

Modern Warfare também introduz um melhorado motor gráfico, com suporte a novas tecnologias e uma visão mais crua e realista dos conflitos modernos que vemos diariamente nas notícias.

Será que Call of Duty Modern Warfare consegue trazer a série de novo para a ribalta? A resposta é sim, mas não é perfeito.

Campanha que não teme ferir suscetibilidades

A campanha de Modern Warfare é um reboot cujos acontecimentos ocorrem antes do que seria a campanha de Call of Duty 4 e altera alguns dos personagens e elementos narrativos.

Ao longo das missões, vão reconhecer vários nomes como o icónico Captain Price, Kyle “Gaz” Garrick, Nikolai, entre outros.

No geral, a campanha de Call of Duty Modern Warfare é muito boa, com 6 horas de missões bastante divertidas, com momentos muito intensos e alguns que envolvem questões morais ou terror psicológico.

Para alguns, existem momentos que podiam ser dispensáveis pois dão a sensação que a Infinity Ward tentou forçar o “choque” de alguma forma. Para mim isso não é problema, acho que estamos numa altura em que os jogos estão demasiado politicamente corretos e aplaudo o facto de a Infinity Ward não ter cedido à pressão de quem experimentou a campanha meses antes do jogo sair.

No entanto, apenas acho que exageraram um bocado na forma como representaram o exército Russo, o eterno inimigo dos EUA (quando não é a Coreia do Norte, China ou uma coligação de todos os países da Europa), que são completamente bárbaros e cometem crimes de guerra sempre que estão no ecrã. Acho que teria sido mais aceitável se fosse uma fação muito extremista ou sem ligação à Rússia.

As missões, como disse, são bastante divertidas e únicas. Uma das melhores passa-se em Camden Town, na qual temos de fazer uma rusga a uma casa para encontrar a localização de um terrorista.

Nesta missão, teremos de andar de andar em andar, com visão noturna e de forma lenta e calculada limpar cada quarto que está repleta de inimigos. O “vibe” que esta missão dá é semelhante ao início de Crew Expendable de COD4, onde andamos silenciosamente a eliminar os inimigos no cargueiro.

A campanha dura cerca de 6 horas e após a incrível cinemática final, apenas quero ver a continuação rapidamente. É sem dúvida uma das melhores campanhas de Call of Duty e a melhor desde Black Ops 2.

Spec Ops com novos modos

Ao terminar a campanha, aparece uma nova cinemática que diz que a história continua no Spec Ops, o modo de cooperação para 4 jogadores que faz o seu regresso em Modern Warfare.

Infelizmente a história não continua propriamente neste modo. Existem alguns cenários que tecnicamente continuam a história, mas não a desenvolvem propriamente e apenas existe uma cinemática antes da missão começar.

Os modos em si, são bastante interessantes, mas é necessária uma equipa de 4 jogadores que comuniquem para conseguirem realmente terminar estas missões.

O modo principal envolve um mapa enorme com diversos objetivos espalhados. Há medida que terminam estes objetivos, vão aparecendo inimigos mais poderosos e em maior número, tornando muito complicada a vida dos jogadores, daí a importância de se manterem juntos e comunicarem.

Os outros dois modos são Classic Spec Ops e Survival. Classic é uma espécie de Hord Mode no qual morrem extremamente rápido e existem armas espalhadas ao longo do cenário que podem utilizar para vos ajudar.

Survival é o modo exclusivo da PS4 e é semelhante ao que esteve presente em Modern Warfare 3. O modo passa-se num dos mapas do multijogador e existe um número determinado de inimigos por vaga que temos de derrotar, podendo comprar munição e killstreaks nos intervalos.

Apesar de não gostar do facto de este modo ser exclusivo durante um ano, acho que os jogadores de Xbox e PC não perdem assim tanto.

Apesar de ter achado piada ao Spec Ops, acho que podia ter sido mais trabalhado, com mais objetivos por mapa, ainda por cima considerando o tamanho do mesmo. Quando vi o trailer, pareceu-me quase uma espécie de mini raid, mas é algo bastante mais vazio e parece-me uma oportunidade um pouco desperdiçada.

Multijogador viciante

O multijogador de Call of Duty Modern Warfare é incrivelmente viciante, apesar de todas as coisas que odeio nestes modos estarem presentes: Mortes numa frame, killstreaks que parecem sempre dirigidas contra mim, campers, peeker’s advantage, disparar primeiro e morrer do nada, entre outros.

No entanto, algo me continua a puxar para jogar este modo. A jogabilidade fenomenal e o sistema de progressão grindy mas satisfatório.

Os mapas não são propriamente memoráveis e alguns são horríveis a nível de design, mas o gunplay, a quantidade de missões para completar, gadgets e attachments para as armas para desbloquear carregam completamente o multijogador deste Call of Duty.

Entre os modos de jogo existem algumas novidades excelentes. Realism é um modo TDM que retira completamente o HUD do jogo e têm de fazer uso do som para localizar os inimigos.

Ground War é a uma das principais novidades, um modo para 64 jogadores com veículos que tenta imitar o modo Conquest de Battlefield.

Infelizmente, existem demasiadas coisas que impedem este modo de chegar à qualidade de Conquest, como as Killstreaks e os veículos demasiado potentes contra infantaria. Os mapas também permitem que seja possível acampar com os veículos e não existem incentivos para jogar os objetivos.

No fundo, este modo é um excelente farm de experiência e, de certa forma, parece que a Infinity Ward lançou este modo mais como teste para ver a reação da comunidade. Acredito que no próximo título vejamos uma versão mais interessante de Ground War.

A outra grande novidade é Gunfight. Este modo 2v2 extremamente competitivo envolve um mapa pequeno, 1 vida por jogador que ao ser eliminado só volta na próxima ronda e um grande foco em skill.

Em cada ronda, todos os jogadores começam com um loadout gerado pelo jogo, tornando as rondas mais equilibradas e obriga os jogadores a saberem jogar com todas as armas, em vez de se manterem na “meta”.

As rondas podem ser incrivelmente intensas e apesar de no inicio ser necessário jogar com cautela, ao fim de uns minutos é necessário capturar um ponto no mapa, obrigando os jogadores a saírem da sua tenda e jogar de forma agressiva.

Infelizmente não existe uma liga com rank para Gunfight, mas acredito que eventualmente seja lançada e, espero, com itens exclusivos para desbloquear.

A jogabilidade e gunplay de Call of Duty Modern Warfare é uma das melhores da série. O movimento dos personagens e a forma como interagem com os cenários e armas parecem extremamente profissionais, é possível recarregar a arma sem tirar a mira, deslizar para cobertura e apontar pelos cantos usando a opção de “mount”.

A condução dos veículos em Ground War é bastante arcade e intuitiva, sendo imediatamente possível pegar num tanque e jogar bem com ele.

O Time To Kill é incrivelmente rápido, como é tradição na série, apesar do pacing das rondas ser mais lento, uma vez que os mapas possuem muito mais ângulos de onde é possível atacar.

Sistema de Progressão bastante completo

O sistema de progressão é uma das razões pela qual Call of Duty Modern Warfare é tão viciante.

Existem sempre coisas para desbloquear, desde missões que recompensam com experiência e cosméticos, attachments para as armas ao subir de nível, o nível do jogador ou os desafios das armas para desbloquear camuflagens.

O novo sistema de Prestige é muito mais interessante e menos aborrecido, oferecendo novos desafios aos jogadores e estando dividido em temporadas, sendo que já não têm de desbloquear tudo novamente.

Outro fator que torna a progressão interessante, é o facto de tudo o que fazem em Call of Duty servir para avançar os níveis, uma vez que a progressão é partilhada entre os vários modos.

Um dos melhores sítios para subirem os níveis das armas é Spec Ops, uma vez que vão derreter hordas e de inimigos, portanto se uma arma sem attachments é má, podem simplesmente jogar este modo até desbloquearem alguns e poderem modificar essa arma.

As armas são modificadas no Gunsmith, que permite alterar os attachments e camuflagens das armas, que as muda de forma visual e em performance.

As modificações para as armas envolvem miras, canos, coronhas, gripos, perks, etc. Existe um número limitado de modificações que podem equipar ao mesmo tempo e cada modificação confere um bónus positivo e negativo.

Um dos pontos mais negativos que vejo, é o equilíbrio de algumas armas. A M4A1, por exemplo, é incrivelmente poderosa e utilizando o Gunsmith, conseguem que esta arma seja melhor que todas as outras em todos os cenários.

Por exemplo, podem criar uma variante com mais munição e uma mira de alcance médio e transformam a arma numa LMG, capaz de bater qualquer LMG do jogo. Podem colocar uma mira de sniper e modificações para controlo de recuo e tornam a arma num counter de snipers. Ou podem equipar cano curto e modificações que aumentem a velocidade de movimento e batem qualquer SMG do jogo.

O problema aqui é que quase todas as armas podem fazer isto, no entanto esta arma é boa mesmo sem nada equipado o que faz com que a “meta” acabe por cair em cima desta arma.

Gráficos, Performance e Som

Graficamente, Call of Duty Modern Warfare oferece um salto tecnológico espetacular em relação aos títulos anteriores.

Na PS4 Pro, a 4K e com HDR o jogo corre fluidamente a 60fps e com uma qualidade de imagem incrível.

No entanto a versão de PC é a melhor. 4K, HDR e DXR ligados e o jogo corre acima das 60fps numa RTX 2080Ti sem qualquer problema. Se formos para 1080p, é perfeitamente possível atingir os 144Hz com DXR ligado e tudo ao máximo.

A forma como as miras telescópicas são representadas é bastante realista, os efeitos de luz e física são excelentes, as texturas são de alta definição, os modelos e animações dos personagens e a forma como reagem aos tiros são realistas e os modelos das armas são espetaculares.

A quantidade de opções gráficas no PC é extensa e existem muitas formas de conseguirem escalar a performance para a vossa máquina, caso não possuam um computador de topo.

A nível de som, o design é bastante bom apesar de ser complicado de distinguir os sons dos aliados do dos adversários, levando a situações em que são apanhados de surpresa. Também existe bastante poluição sonora sob a forma de callouts que são automáticos e podem vir de vocês ou dos vossos aliados e, apesar de permitir saber se existem inimigos nas proximidades, tornam complicado localizar a sua posição baseado no som.

O Futuro

Call of Duty, nos tempos dourados, era um jogo frequentemente “copiado” por outros e praticamente ditava as tendências do que era popular nos jogos.

Apesar de já não o ser, Call of Duty Modern Warfare introduz algo que, a ser popularizado, vai ser revolucionário na forma como jogamos jogos multijogador. Estou a falar, obviamente, do Crossplay.

Apesar de Crossplay não ser novidade, Fortnite e Rocket League são exemplos de dois jogos populares que suportam Crossplay, Call of Duty Modern Warfare é o primeiro a trazer esta funcionalidade para um blockbuster AAA.

A implementação do Crossplay em Modern Warfare é brilhante e todas as dúvidas e problemas que se punham no que toca a balance e estilo de input, não existem de todo aqui.

Para começar, é possível jogar com rato e teclado nas consolas, com as mesmas opções de controlos que existem no PC. Apesar da experiência não ser completamente 1:1, uma vez que existe um ligeiro delay nos controlos, isto é algo que pode ser afinado e para quem não se safa com o comando, é uma excelente opção para quem não tem um PC de gaming. A única opção que achei que faltava na consola, era um slider de Field of View.

Segundo, não notei qualquer vantagem em jogar contra consolas com rato e teclado. A implementação do aim assist, juntamente com a habilidade com o comando conseguem fechar a vantagem que o rato e teclado têm, no que toca a reação e velocidade ao entrar em combate.

Depois, existe Cross Progression, o que significa que se jogarem no PC e passarem para a consola, o vosso progresso mantém-se e conseguem continuar de onde pararam. Isto é excelente para quem estuda/trabalha fora de casa e quando volta a casa apenas tem uma das plataformas disponíveis.

Também acabou o problema de não poder jogar com os amigos porque um tem o jogo no PC e o outro na PS4 ou Xbox. Agora podem fazer uma party com todos eles e jogar de forma natural como se estivessem todos na mesma plataforma.

Como disse, se o Crossplay se popularizar nos jogos AAA, vamos ter um excelente período para jogos online, com comunidades unidas e muito maiores, sem problemas de servidores vazios principalmente e sem termos de nos preocupar em que plataforma os nossos amigos jogam o jogo.

Conclusão

Call of Duty Modern Warfare é o melhor jogo da série desde há muitos anos. Uma campanha cativante, multijogador viciante e o Crossplay são os principais pontos a favor.

Claro que existem alguns problemas de equilíbrio, os mapas não são do melhor que já se viu e o modo Spec Ops podia ter sido mais trabalhado, mas a Infinity Ward lança updates quase diários para introduzir conteúdo e mudanças de equilíbrio.

Se o jogo não acabar praguejado de microtransações, Call of Duty Modern Warfare é uma compra mais que certa, mas se estão na dúvida, esperem umas semanas para ver no que dá, especialmente com o Passe de Batalha que vai ser lançado em breve.

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