No papel, Balan Wonderworld tinha tudo para ser um bom jogo. Criado por Yuji Naka, responsável pela criação de Sonic e Nights, um sistema de fatos que faz lembrar de certa forma Kirby cinemáticas que me fazem lembrar o estilo usado em Kingdom Hearts (ou não fosse o jogo publicado pela Square Enix).
O resultado final foi um jogo incrivelmente desinspirado, com péssimas mecânicas para um jogo de plataformas, história praticamente inexistente e, no geral, uma das piores experiências que tive num jogo nos últimos anos.
Se pudesse comparar Balan Wonderworld com algo, seria uma daquelas sequelas de musicais da Disney, lançados diretamente em DVD mas dirigidas por crianças da escola primária.
O jogo falha todos os alvos
Mas o que faz de Balan Wonderworld um jogo tão mau? A resposta: falhar em todos os elementos base de um jogo de plataformas.
Se olharmos para jogos de plataformas populares como Super Mario ou até os Sonic originais, um dos princípios básicos é o de dificuldade gradual. Cada mundo introduz uma temática e novas mecânicas e cada nível vai aumentando a dificuldade de forma a vos obrigar a aperfeiçoar essas mecânicas.
Balan Wonderworld não faz isto, cada mundo possui uma temática, mas cada nível introduz mecânicas novas o que torna cada mundo demasiado simplificado, sendo as lutas de boss o mais parecido que existe com o conceito original.
Cada mundo possui 3 níveis, sendo o 3º uma luta de boss. Tudo no jogo é estupidamente simples, ao ponto de parecer que estão a gozar com a nossa inteligência. Até aos últimos 2 mundos, não existem elementos do cenário capazes de vos causar dano, as plataformas são praticamente on-rails e parecem tiradas de algum livro do estilo, “Técnicas genéricas de um jogo de plataformas”.
As lutas são igualmente desinspiradas, com inimigos incrivelmente básicos, mas que podem ser um problema caso vos aconteça o que vou mencionar de seguida.
Um jogo de plataformas… em que não podem saltar
Um dia, alguém me vai explicar porque raio não se pode saltar num jogo de plataformas. Vá, tecnicamente podem, mas nem sempre.
Em cada nível, existem vários fatos que introduzem mecânicas únicas no jogo. Esses fatos estão trancados, mas podem obter a chave que normalmente se encontra a cerca de 1-2 metros do fato, o que torna este conceito imediatamente inútil, voltando ao tema de o jogo ser demasiado simplificado.
A ideia destas mecânicas únicas por cada fato até é interessante, o problema é que todos os botões fazem a mesma coisa. Existem 4 botões com números ou símbolos nos comandos e ninguém achou que seria incrivelmente idiota, num jogo de plataformas, não haver um botão dedicado para saltar.
Assim, se o vosso fato tiver uma habilidade que não seja saltar, simplesmente não podem saltar e vão ter de encontrar uma forma de progredir no mapa.
Durante o jogo, encontrei vários problemas com isto:
Podem ter até 3 fatos equipados, se tiverem uma chave e passarem por uma caixa de fato, o que estiver mais à direita é substituído pelo novo. Chegou a acontecer que ficava bloqueado num nível porque não tinha nenhum fato capaz de saltar.
Ao fim de algumas horas, descobri que é possível guardar os fatos que apanham e trocar nos checkpoints, mas o jogo nunca diz que isto existe, sendo que os únicos tutoriais que existem é para as mecânicas dos fatos e podem simplesmente descobrir o que fazem ao carregar num botão.
Outro problema é o facto de os fatos que desbloqueiam não ficarem de forma permanente na vossa lista. Ou seja, se trocarem para um fato e caírem num buraco ou um inimigo vos acertar, têm de voltar ao mundo desse fato para irem buscar um novo. É algo mais inconveniente do que propriamente difícil.
As lutas de bosses possuem 3 fases, como o típico jogo de plataformas. Cada boss pode sofrer dano de 3 formas diferentes, mas nalgumas dessas lutas, têm de usar mecânicas de fatos que não podem obter durante a luta. Por exemplo, um boss podia sofrer dano ao saltar em plataformas, mas nenhum dos fatos existentes na arena permitia saltar.
AQUELE tipo de progressão
Existem 12 mundos em Balan Wonderworld. Para desbloquearem os 3 mundos seguintes, têm de obter um certo número de estátuas de Balan que se encontram espalhadas pelos níveis.
Nunca me vão conseguir convencer que bloquear a progressão de um jogo atrás de colecionáveis é uma boa decisão. Mas não é só Balan Wonderworld que faz isto, ainda recentemente joguei o excelente Super Mario 3D World e acontece exatamente o mesmo, a diferença é que isto custa mais quando o jogo é mau.
Além disso, muitas estátuas requerem fatos específicos, o que nos leva de volta ao problema dos fatos não serem desbloqueados de forma permanente.
Também podem desbloquear estátuas através dos Balan Bouts que estão escondidos nos mapas. Nestas sequências de quick time events, controlamos Balan e temos de carregar num botão quando a silhueta de Balan se alinha com o seu corpo e ao fazê-lo todas as vezes com rating Excelente, recebemos uma estátua.
Mas existe algo bom neste jogo?
Nem tudo é mau em Balan Wonderworld. Não existe nada que seja verdadeiramente bom, apenas coisas que são decentes. A banda sonora é decente, os gráficos são decentes apesar dos mundos parecerem altamente robóticos e sem vida. O desenho dos bosses também é engraçado.
O jogo também corre bastante bem na PS5, sempre a 60 FPS e é no geral bastante estável (também mal seria se não fosse o caso).
Conclusões
Balan Wonderworld é um desastre de jogo. Consegue falhar todos os pontos que tornam um jogo de plataformas em algo interessante, a história é praticamente inexistente, o voice acting combinado com o facto de os personagens falarem um daqueles idiomas inventados fez com que fosse o jogo que mais rapidamente me conseguiu irritar, logo ao dar 2 saltos com o personagem e ouvir o barulho que fazem (a sério é mesmo irritante).
O jogo parece que foi feito por um estudante da primária e sinceramente não consigo entender o rating de 12+, quando na maioria do tempo parece estar a testar a inteligência de uma criança de 3 anos e mesmo assim não recomendaria comprar este jogo para crianças dessa idade.
Mantenham-se longe deste jogo.