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Outriders – Impressões da demo e análise de performance

Outriders é o novo jogo da People Can Fly, os criadores de Bulletstorm e insere-se na categoria de Looter Shooter em 3ª pessoa, ao estilo de Anthem ou The Division.

O jogo só será lançado a 1 de Abril de 2021 mas já é possível descarregar a demo na Steam, Xbox Series e Playstation 5, no qual poderão jogar as primeiras missões da história, mantendo o progresso para a versão final e atingir o World Tier 5 (falaremos mais abaixo).

História simplesmente não cativa

A história possui um claro foco em Outriders, ao contrário do que se costuma ver neste género, que não possui uma história estruturada como um jogo single player tradicional.

No entanto, com um foco destes na narrativa, é importante que pelo menos as primeiras horas sejam interessantes para agarrar o jogador.

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A história de Outriders simplesmente não cativa o jogador. O início até promete, uma nave de colonização aterra num planeta selvagem na busca de um novo lar e depara-se com fenómenos da natureza impossíveis de combater.

O vosso personagem é apanhado numa tempestade e acorda uns anos mais tarde para descobrir que o mundo que conhecia está agora numa guerra que dura há décadas, entre duas fações. Para piorar, existem monstros gigantes capazes de dizimar centenas de soldados com um ataque, que deambulam pelo planeta.

O problema é que, do que podemos jogar na demo, o vosso personagem rapidamente se torna apenas um soldado genérico com poderes que é ordenado para ir a um sítio, matar toda a gente que encontra e segue viagem.

As cinemáticas são também incrivelmente mal dirigidas, com planos de câmara que saltam de um lado para o outro, vozes por vezes dessincronizadas, mau voice acting e bloqueio a 30 FPS num jogo de 2021.

Combate de 2006

Outriders faz uso de combate em 3ª pessoa com sistema de cover, similar ao que se vê em Gears of War ou The Division, por exemplo.

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No entanto, consegue parecer mais arcaico que o 1º Gears of War, com o movimento do personagem a ser incrivelmente robótico, por vezes ignora a cobertura se estiver uns centímetros mais afastado e o sistema de dodge é pesado e trapalhão, sendo muitas vezes inútil, uma vez que praticamente não existem frames de invencibilidade e os inimigos que atacam a curto alcance recuperam rapidamente a distância.

O balanceamento das armas tem de ser revisto, uma vez que existem armas que praticamente não dão dano nenhum, enquanto outras como a sniper, são capazes de matar 90% dos inimigos com um tiro, tornando esta classe de armas incrivelmente poderosa, especialmente no PC.

Um dos principais elementos do combate são os poderes. Existem 4 classes para escolher que permitem assumir diferentes papéis durante um combate. Podem ser mais focados em suporte, assassinos que se podem teleportar em cima dos inimigos, mágicos que usam chamas para derrotar os inimigos ou um tanque capaz de causar terramotos e cair em cima dos inimigos com grande impacto.

Derrotar inimigos com estes poderes recupera saúde e o jogo incentiva-vos a jogar de forma agressiva por causa disto. O problema é que muitos inimigos são autênticas esponjas de dano e alguns até podem recuperar a saúde, tornando os combates por vezes monótonos e muito ao estilo toca e foge, no qual vocês usam os poderes e fogem para trás de cover enquanto esperam que os cooldowns acabem.

O jogo possui skill trees enormes com vários caminhos que permitem focar e tornar mais poderosos certos poderes, mas nesta fase inicial, os bosses podem usar os poderes de forma muito mais frequente que vocês e têm imensa vida, o que não permite que joguem de forma muito agressiva.

Usar os poderes enquanto um boss carrega o poder dele permite causar interrupção e torná-lo vulnerável durante uns segundos. O problema é que isto nem sempre funciona e certos bosses simplesmente ignoram completamente o vosso ataque e continuam a carregar o deles.

Equipamento básico mas com potencial

A maioria do equipamento que podem obter nesta demo encontra-se dentro das primeiras 3 raridades: branco, verde e azul.

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No que toca a design, estas primeiras três raridades são incrivelmente básicas e repetem-se imenso, portanto esperemos que os de maior raridade comecem a ser mais únicos e com um design mais complexo.

No entanto, alguns sistemas que estão presentes na demo permitem ter um vislumbre do potencial de builds.

Ao começarem a receber armas e armaduras azuis, vão reparar que começam a receber novos efeitos, como a possibilidade de causar debuffs nos bosses ou no caso das armaduras, bónus para certas habilidades.

Isto permite que eventualmente possam construir o vosso equipamento à volta de uma habilidade ou um tipo de habilidades, variando o estilo de jogo. Por exemplo, podem focar equipamento para uma habilidade defensiva caso estejam com dificuldades num boss, focar em habilidades de dano em área e crowd control para lutas com grande número de inimigos ou outras que permitam causar imenso dano a um único inimigo, também útil para lutas de boss.

Combinando com as árvores de habilidade, que também permitem distribuir pontos em certos tipos específicos, a quantidade de builds possíveis promete ser bastante grande e variado.

Mapa e quests

O primeiro mapa é um campo de batalha com várias trincheiras mas de momento encontra-se muito mal aproveitado.

Existem várias bandeiras que podemos capturar e fazer fast travel para e o mapa encontra-se dividido em secções que são mini arenas nas quais lutamos contra inimigos e bosses.

O problema é que depois de lutarem uma vez nessas arenas, nunca mais aparecem inimigos, impedindo assim o farm de equipamento. Existem zonas que são apenas acessíveis ao ativar uma quest e também isto está um pouco mal aproveitado.

Outrider Map

Para iniciarem uma quest, têm de se dirigir ao NPC que a dá. No entanto, para repetir caso queiram continuar a farmar equipamento, têm de voltar ao mesmo NPC, quanto deveria ser possível viajar automaticamente para a zona da quest, após ter sido terminada uma vez.

Isto agrava também o problema de loadings do jogo, que não são longos mas são em grande número. Caso queiram reativar estas quests, têm de viajar para o campo de batalha (1 loading), falar com o NPC e ver a cutscene a 30 FPS, ir para a zona da missão (1 loading), completar a missão, viajar de volta para o NPC (1 loading) e voltar a ver a cutscene em 30 FPS. Para piorar, as recompensas por terminarem as missões só são oferecidas uma única vez, portanto quase nem vale a pena fazer estas missões até atingirem um certo World Tier para receberem equipamento num nível mais alto.

Os World Tiers são as dificuldades do jogo. Na demo apenas podemos atingir o World Tier 5 (WT5) e cada um aumenta a dificuldade dos inimigos, mas também a qualidade e quantidade de loot que recebem. O jogo faz um bom trabalho em subir o WT automaticamente há medida que vão recebendo novo loot, mantendo o desafio do jogo sempre alto enquanto permite que sejam recompensados com loot praticamente sempre melhor que o que têm atualmente.

Performance

A nível de performance, joguei a demo no PC e na PS5.

O jogo na PS5 corre muito bem, a 4K e 60 FPS com uma ou outra queda em situações mais intensas, mas consegue manter-se estável durante 99% do tempo.

O motor usado é o Unreal Engine 4 e a nível gráfico o jogo é bom, com bastantes detalhes no cenário, apesar dos personagens serem um bocado genéricos e parece quase um asset flip da loja do Unreal.

A nível de performance no PC, o jogo corre de forma muito inconsistente. Não possui grandes problemas em correr a 4K acima de 60 FPS no meu PC com uma RTX 2080Ti, i7 9700K e 32GB de RAM, mas ao baixar a resolução para 1080p, existe uma grande inconsistência no framerate.

É possível ver quedas de 180 para 50 no Hub de forma quase instantânea, apesar de na maioria do tempo se manter à vontade acima das 140 FPS com as definições em Ultra.

No que toca a detalhes, não existe grande diferença entre as várias definições, mas existe um problema comum a todas. O anti-aliasing.

No PC, o anti-aliasing parece estar a funcionar mal, causando imensos artefactos em elementos como as sombras e a erva, luzes tremeluzentes mesmo quando a câmara está parada e faz com que se notem os pixels, tornando o jogo muito feio.

Existe também um motion blur que não se pode tirar quando estamos a sprintar, dando ao jogo um aspeto borrado e a sensação que existe uma queda de framerate que pode nem ser verdade.

Existe muito para otimizar até ao jogo sair em Abril.

Conclusões

Outriders é um jogo mediano, se a demo for uma indicação do que esperar na versão final.

Não existe nenhum sistema inovador ou que confira ao jogo a sua própria identidade, parece mais uma mistura de elementos e mecânicas de outros jogos misturados à pressa e que nem sempre funcionam muito bem juntos.

A histórica é genérica e mal dirigida e por favor, 30 FPS nas cinemáticas já é mau, mas 30 FPS na janela dos vendedores é simplesmente inaceitável em 2021.

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