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Evil West: Uma boa ideia com uma fraca execução – Review

Quando vi Evil West pela primeira vez, a ideia com que fiquei é que seria uma espécie de sequela espiritual de Darkwatch, um jogo que saiu na era da Playstation 2 e tinha uma demo que joguei durante horas a fio.

Infelizmente, Evil West pouco tem a ver com Darkwatch tirando o facto de que se passa no velho oeste dos EUA e lutamos contra monstros.

Evil West foi desenvolvido pela Flying Wild Hog, um estúdio que tem tido altos e baixos no que toca aos seus jogos, pelo menos para mim. O remake de Shadow Warrior é excelente, Shadow Warrior 2 desiludiu-me, Shadow Warrior 3 é decente, Hard Reset trouxe umas ideias interessantes e saiu 5 anos antes do reboot de Doom, numa altura em que todos os shooters queriam ser Call of Duty. Trek to Yomi, o último jogo do estúdio foi uma completa desilusão para mim, ao ponto de nem o ter acabado devido aos seus picos de dificuldade altamente frustrantes e combate algo preso.

Evil West para mim parece uma espécie de mistura entre Gears of War com Doom na altura do velho oeste, no qual lutamos contra vampiros e os monstros que eles criam. Infelizmente, apesar de ter um mundo de jogo bem realizado e ser uma ideia interessante, a execução acaba por deixar bastante a desejar.

Caçadores de vampiros

Em Evil West jogamos com Jesse Rentier, um caçador de vampiros que pertence a uma organização secreta responsável por eliminar esta ameaça que vive nas sombras, liderada pelo seu pai William.

O Rentier Institute possui tecnologia bastante avançada para a época, ao estilo steampunk e faz uso da mesma para caçar os vampiros. Essa tecnologia inclui uma manopla elétrica que Jesse e é a principal arma que usamos durante o jogo.

Jesse é acompanhado por Edgar Gravenor, um membro do instituto e seu antigo companheiro que se vê obrigado a voltar da reforma para o ajudar a lutar nesta nova guerra que ameaça todo o país.

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Depois existe Emilia Blackwell, uma médica responsável por uma célula secreta do instituto e especialista na área dos Sanguisuge, o nome que dão aos vampiros neste jogo e advém das sanguessugas que aparecem em todo o lado que é infestado por eles.

A história faz-me lembrar alguns elementos do filme Vampiros de John Carpenter. Um caçador de vampiros vê o seu esquadrão ser massacrado e agora tem de se vingar e evitar que estes obtenham uma rélica que lhes permite sobreviver à luz solar. O filme também tem um grande aspeto western.

Em Evil West, Jesse e Edgar perseguem um antigo vampiro que quer mudar os costumes da sua raça para que possam sobreviver a qualquer custo. Quando o conseguem capturar, a sua filha adotiva Felicity traz consigo a destruição do Instituto e um plano que envolve espalhar o vírus dos vampiros por toda a região dos EUA, permitindo que estes dominem por completo o país através do caos e controlando as altas patentes políticas.

As ideias e motivação até são interessantes e o mundo de jogo até está bem conseguido. O problema é a forma como são executadas.

As cinemáticas são simplesmente horrendas. Animações robóticas que fazem lembrar os jogos do início da era da Playstation 3 e Xbox 360, o lip sync só funciona de vez em quando e fora das cinemáticas vemos NPCs a falarem connosco e a boca nem mexe, ao ponto de nem conseguir perceber qual é o NPC que está a falar comigo se estiverem vários lado a lado.

As cinemáticas são constantemente interrompidas, por vezes mal um personagem acaba de falar e sem qualquer tipo de fade, colocando-nos imediatamente no ecrã de loading do próximo nível. Por vezes temos até um loading no meio da cinemática que depois continua numa zona completamente diferente e sem qualquer contexto.

Entre cada nível temos uma espécie de HUB e os saltos entre esta área e os níveis e de tal maneira abrupta que parece que perdemos alguma coisa pelo meio. O nosso HUB é na Califórnia e durante a história temos missões noutras pontas do país que naquela altura eram precisas semanas ou quiçá meses para alcançar sem usar um comboio, mas neste jogo parece que é um saltinho ali à loja da esquina, tal é o mau pacing e constantes interrupções sem nexo.

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As cinemáticas em sí parecem em câmara rápida, como que para despachar e a escrita é simplesmente horrível. Os diálogos são altamente cringe na maioria das vezes e a maioria dos personagens são bastante genéricos e incapazes de nos fazer sentir qualquer empatia por eles.

Terminei a história em pouco mais de 9 horas na dificuldade normal, durante as quais desbloqueei a maioria dos perks e encontrei a maioria dos itens secretos dos jogos.

New Game+ é onde o jogo consegue brilhar

Como não podia deixar de acontecer com qualquer jogo que seja lançado hoje em dia, Evil West vem com um sistema de árvores de habilidade para o personagem e para as armas.

Começando pelas armas. Jesse faz uso da sua manopla elétrica para derrotar os inimigos usando diversos combos corpo a corpo. É possível atirar os inimigos ao ar, puxá-los de longe ou atirá-los contra outros inimigos ou armadilhas no cenário.

Além disso, a manopla vem com várias barras de energia que permitem utilizar ataques devastadores capazes de excelente “crowd control” e derrotar vários inimigos menores instantaneamente.

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Além da manoplas para combate corpo a corpo, Jesse tem um revolver que permite disparar de forma automática mantendo o botão premido em estilo de “fan fire”, ou em tiros singulares capazes de causar mais dano com o upgrade certo.

Eventualmente, obtemos mais armas como uma espingarda para maior precisão ou uma caçadeira que permite causar imenso dano a curto alcance.

As armas de curto e longo alcance têm um papel fundamental no combate uma vez que certos inimigos são fracos contra estas armas. Um círculo branco em cima de um inimigo indica que vai fazer um ataque especial que nos pode causar imenso dano. Ao disparar com uma arma de precisão neste círculo, vamos causar dano crítico e deixá-los atordoados por uns segundos, o que permite iniciar um combo neles.

Outros inimigos fazem uso de escudos que apenas podem ser destruídos com armas de curto alcance e murros da manopla, deixando-os vulneráveis durante um bocado até reconstruírem esse escudo.

Os upgrades são obtidos de duas formas. As armas são melhoradas usando dinheiro que encontramos ao longo do cenário e ao subir de nível. Os upgrades estão bloqueados até atingirem um certo nível e alguns deles têm de os desbloquear abrindo uns baús especiais que estão escondidos.

Os upgrades do personagem são obtidos com pontos que recebemos ao subir de nível ou em certos baús especiais. Tal como as armas, algumas habilidades estão escondidas em baús nos níveis.

Os upgrades das armas permitem aumentar o número de tiros, reduzir o tempo de recarregamento que aqui é uma espécie de cooldown, aumentar o dano que causa e até mudar completamente o seu comportamento tornando-as incrivelmente poderosas.

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Os upgrades do personagem incluem o básico como aumentar as capacidades de sobrevivência e o número de ataques no combo, ou melhorar os ataques que requerem energia da manopla com golpes adicionais, ou a capacidade de acertar em mais inimigos.

O problema deste sistema é o seguinte: os upgrades são incrivelmente básicos no início e os que desbloqueamos no fim são exageradamente poderosos e bastante divertidos. No entanto, o seu custo é elevadíssimo e quando finalmente desbloquearem alguns destes upgrades mais divertidos, estão já nos últimos dois níveis do jogo.

Durante as quase 10 horas que joguei para terminar Evil West, cerca de 8 horas foram a usar os mesmos combos para derrotar os inimigos. Simplesmente funcionavam e não era necessário mudar. As vezes que morri foi em lutas nas quais o jogo coloca vários mini bosses e outros inimigos em grande número, que nos atacam de ângulos que estão fora da câmara.

Apenas no final do jogo senti necessidade de mudar um pouco o meu estilo de combate. A principal razão é o facto de os upgrades finais de certas armas serem tão fortes, que o combo que usei durante todo o jogo simplesmente pareceu incrivelmente fraco em comparação.

É por isso que a inclusão do modo New Game + é onde Evil West consegue brilhar, pelo menos na parte da jogabilidade. Poder jogar todo o jogo com os upgrades ao máximo, desde o início torna-o imediatamente mais divertido.

Ao longo do jogo, no entanto, podem ir experimentando outras “builds”, uma vez que existe uma máquina na qual podem fazer reset a todos os vossos upgrades das armas e do jogador. Sinceramente não foi algo que tenha usado uma única vez pois tal como disse, usei o mesmo combo durante 80% do jogo e chegou perfeitamente. Diria que este sistema está aqui mais para o caso de comprarem um upgrade por engano, ou algum que obtenham não encaixe bem no vosso estilo de jogo ou até que não tenha a performance que estavam à espera.

Gráficos, performance e som

Graficamente, Evil West deixa um pouco a desejar. É o vosso típico jogo em Unreal Engine 4 que mais parece que podia ter sido lançado no início da geração passada.

Os cenários do jogo são incrivelmente simplistas e tirando um ou outro desvio onde estão baús escondidos, os níveis são simplesmente corredores lineares entre as arenas de combate.

Como disse anteriormente, as animações das cinemáticas são más e antiquadas mas o desenho dos monstros com que lutamos está soberbo e bastante detalhado. É também possível ver cada um no menu de lore.

Outra coisa que não gostei, é que cada nível possui praticamente uma cor. Se for durante o dia ou numa situação de incêndio, apenas vão ver laranja. Se for numa floresta, vão ter sempre um filtro azul esverdeado. Praticamente cada nível tem um filtro que introduz uma cor dominante e dilui todas as outras.

A performance do jogo é boa, mas com um pequeno senão. Notei que existe algum stuttering em certas situações, mesmo com framerate alto. Esse, com o DLSS em Qualidade ligado anda à vontade sempre acima dos 130, no meu PC com a RTX 2080Ti e o i7 9700K. As definições estavam todas ao máximo (Epic).

Não encontrei muitos bugs, mas por duas ou três vezes fui obrigado a ter de me deixar morrer porque o personagem ficou preso na geometria do chão, incapaz de sair do lugar. Esta foi a solução pois o jogo não tem nenhuma opção de recarregar o último checkpoint, sendo obrigado para isso a ter de sair para o menu principal e voltar a entrar.

A nível de som, a banda sonora é um pouco ao estilo heavy metal misturado com instrumentos típicos dos westerns, dependendo se estão numa luta ou entre lutas. Ainda assim, não notei nenhuma faixa que fosse particularmente memorável, parece tudo um bocado genérico.

A performance dos atores não é má, mas sofre imenso pela péssima escrita que assola a história deste jogo.

As armas até possuem bom som incluindo o barulho dos ricochetes das balas, quando acertamos nalgum objeto com o revólver.

Conclusões

Evil West é um jogo que até possui umas ideias interessantes, mas a sua execução não foi bem conseguida.

Sim, os upgrades tornam o combate bastante divertido, mas apenas conseguem aproveitar o seu potencial completo numa segunda vez que joguem a história. Até lá, têm de gramar com uma história aborrecida, uma jogabilidade incrivelmente genérica e níveis que são apenas corredores a separar arenas de combate.

O jogo ainda possui modo cooperativo, mas durante o período de análise não foi possível testá-lo. Apenas tenham em atenção que só o Host da sessão progride na história e a dificuldade dos inimigos escala para acomodar dois jogadores.

Review dos Leitores0 Votes
0
O Melhor
Upgrades finais tornam a jogabilidade bastante divertida
Boa performance no PC
Mundo de jogo interessante
O Pior
Escrita péssima
Design de níveis altamente genérico e simplista
Cinemáticas com mau pacing
60

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Design
Ecrã
Performance
Autonomia
Autonomia e alcance
Câmaras
Ecossistema
Qualidade/Preço
Ergonomia
Audio
Micrófono
Personalização
Video
Fotografia
Conectividade
Final Score