Review do The Last Guardian

Review dos Leitores1 Vote
89
Aventura mágica
Cooperação entre humano e animal muito bem feita
Excelente level design
Mecânicas arcaicas
Graves problemas de optimização
Tutoriais intrusivos
80

Uma aventura mágica, maculada por problemas técnicos e mecânicas antiquadas.

Após um período de desenvolvimento bastante conturbado, a Team ICO finalmente conseguiu entregar, ao fim de 10 anos, The Last Guardian, que tinha inicialmente sido anunciado para a PS3.

A Team ICO foi a responsável por dois jogos bastante adorados da Playstation 2, ICO e Shadow of the Colossus, que chegaram a receber remasterizações para a PS3 em 2011 e, cujos jogos são conhecidos principalmente, pela direção de arte e design levada a cabo pelo lendário Fumito Ueda.

Se jogaram ICO ou Shadow of the Colossus, The Last Guardian vai-vos lembrar mais o primeiro, quer pelas localizações, quer pelo estilo de jogo mais focado em puzzles.

Uma história mágica de amizade e cooperação

Em The Last Guardian, jogamos com um pequeno rapaz que acorda numa caverna junto a uma enorme besta presa por correntes. Como nunca nos é dito o nome do rapaz, vamos chamar-lhe Vítor, para facilitar.

O Vítor, como todos os rapazes da sua idade, é bastante curioso, portanto ao ver um enorme animal com penas, cabeça de rato e bico de pássaro, cheio de lanças espetadas e feridas, decide fazer o que todos os rapazes da sua idade fariam: alimentar a besta, retirar-lhe as lanças e soltá-lo, sem fazer ideia se seria ou não devorado.

Felizmente o animal, chamado Trico até nem é um mau bicho e para agradecer ao seu salvador, decide segui-lo ajudando-o a atravessar o enorme forte construído numa espécie de vulcão chamado “Ninho”, onde ambos estão presos.

Logo após Vítor salvar Trico, é-nos dada a conhecer uma das principais mecânicas do jogo, a possibilidade de trepar pelo seu corpo, usando as penas que o cobrem como aconteceu em Shadow of the Colossus.

The-LAst-Guardian3

Mas nem tudo são boas notícias, pois o castelo não se encontra desabitado, sendo que no seu interior se encontram várias armaduras que ganham vida e perseguem Vítor, na tentativa de o levar para sabe-se lá onde. Como Vítor não possui qualquer arma durante a maioria da campanha, é Trico que acaba por lutar na maioria das vezes contra estas armaduras, apesar de ser possível roubar as suas cabeças de forma quase hilariante.

É durante todos estes sobressaltos que Vítor e Trico se vão tornando inseparáveis, ao ponto de, eventualmente, ser possível dar ordens a Trico que nos deixa chegar aos novos locais. Algo que The Last Guardian faz especialmente bem, é a forma gradual como vai desenvolvendo a relação entre Vítor(jogador) e Trico.

Há medida que o jogo vai avançando e a aventura fica cada vez mais perigosa, são notórias as dificuldades crescentes que Trico vai passando para enfrentar as armaduras que aparecem no nosso caminho. Isto faz com que o animal vá ficando com bastantes feridas, que temos de cuidar retirando as lanças que ficam presas no seu corpo. Este dano chega eventualmente a preocupar-nos, tal como se do nosso próprio animal de estimação se tratasse.

Em certos pontos da narrativa, vamos vendo alguns flashbacks sobre o que aconteceu antes de acordarmos na caverna, que revela um passado bastante mais negro do que o jogo à primeira vista aparenta, quase vilificando os humanos.

O final da campanha é bastante intenso, com uma excelente sensação de stress constante, com uma cinemática final que quase nos deixa com uma lágrima no canto do olho. A aventura de Vítor e Trico é sem dúvida uma história mágica de cooperação e amizade.

The Last Guardian 1

Puzzles e quebra cabeças para dois

Sendo que estamos perante um jogo que trata a amizade e cooperação como tema central, faz sentido que os puzzles que constituem a maioria da aventura, sejam também indicativos dessa amizade e cooperação.

A maioria dos puzzles consistem em ter de trepar algum obstáculo, para abrir determinada porta que deixe o corpo massivo de Trico passar. Muitos envolvem ter de escalar o nosso companheiro para chegar a sítios inacessíveis, ordenar que salte para uma plataforma ou se coloque em pé com as patas traseiras.

Puzzles que te ajudarão a apreciar a arte do jogo

Em The Last Guardian, praticamente não existem ajudas. O HUD é inexistente, sendo que as únicas dicas são alguns tutoriais que aparecem para vos relembrar das teclas, ou alguns monólogos de Vítor que servem para vos ajudar quando o jogo deteta que estão perdidos. Os próprios puzzles estão desenhados de forma a que tenham de observar bem o cenário, afim de descobrir os vários caminhos possíveis para chegarem ao objetivo.

Alguns dos puzzles eventualmente vão necessitar que usemos um escudo, que faz com que Trico dispare uma espécie de lasers da cauda, destruindo alguns obstáculos. Este escudo também pode ser usado para combate, apesar de ser complicado fugir das armaduras e usar o escudo ao mesmo tempo.

IA de Trico é muito boa ou muito má

É difícil caracterizar a forma como Trico se comporta durante o jogo. Por um lado, dá a sensação de que realmente se trata de um animal vivo, com instintos próprios, que nem sempre obedece à primeira às ordens que lhe damos, mas por outro existem alturas que o animal parece quase perdido no cenário como se a sua IA bloqueasse.

The Last Guardian 2

Algo que não ajuda a este sentimento é o facto de as ordens que lhe damos, serem baseadas em contexto, ou seja, necessitamos de estar a apontar para onde queremos que Trico nos leve, caso contrário ele não cumpre a ordem corretamente. Isso talvez pudesse ser evitado se existisse uma mira que só aparecia quando dávamos uma ordem. É comum estarmos em cima de Trico, dar uma ordem apontando a câmara para onde queremos ir, só para o ver a demorar 1 ou 2 minutos a cumprir ou saltar para o sítio errado.

Apesar de, como disse, não querer que Trico fosse um robô, estar tanto tempo à espera que ele cumpra as ordens também não é ideal, apenas serve para aumentar o tempo de jogo de forma artificial.

Jogo de PS4 com mecânicas de PS2

As mecânicas de The Last Guardian são bastante arcaicas, especialmente no que toca aos controlos fora do comum. Apesar de não ser algo de muito grave saltar no triângulo em vez de no X, acho que a pior mecânica de todas é a forma como Vítor se solta das armaduras quando é capturado.

Para fugir aos captores, é necessário carregar em todos os botões rapidamente, de forma repetida, para que os caracteres que aparecem no ecrã desapareçam. Apesar de nos dar uma sensação de perigo e stress bastante bem feita, quando é apenas uma vez não há problema. O problema é que nas secções finais, vamos ser capturados repetidamente, ao ponto de quando nos livramos de um guarda, somos imediatamente agarrados por outro. Isto leva a que rapidamente fiquem cansados das mãos, além de que não é nada saudável para o comando em si.

Mas não é apenas as mecânicas que parecem arcaicas. Alguns erros bastante infantis ocorrem repetidamente ao longo da campanha, nomeadamente os tutoriais, que são extremamente intrusivos, ocupam uma grande parte do ecrã e muitas vezes nem sequer estão no contexto do que estão a fazer neste momento. Fui obrigado a ver quais as teclas para dar as ordens a Trico, porque o tutorial que o fazia nunca apareceu pois a mensagem anterior não desaparecia e atualizava para o novo.

The Last guardian 4

Uma experiência pouco fluida

The Last Guardian não foi a experiência mais fluida que já tive na PS4, longe disso. Apesar de possuir uma excelente arte, o jogo corre de forma bastante má, para os gráficos que tem. As cores são bastante vivas, os traços lembram quase cel shading, mas muitas texturas são bastante borradas. Nota-se que o jogo começou a ser desenvolvido na PS3.

No entanto o pior mesmo é o framerate. Na maioria do tempo o jogo corre abaixo das 30FPS na PS4 normal, algo que torna péssima a resposta dos controlos e muitas vezes parece que está em câmara lenta. Acrescentando a isso a quantidade horrenda de Motion Blur presente no jogo, era difícil jogar mais de 2 horas sem ter de parar para descansar.

Ainda assim, não é um jogo feio, com bastantes detalhes no cenário, especialmente na forma realista como as penas de Trico se mexem ou as físicas dos objetos.

Conclusão

The Last Guardian é um jogo bastante bom, com excelente direção de arte, história e personagens cativantes e puzzles bem construídos que nos fazem querer continuar a jogar. No entanto é maculado por mecânicas arcaicas, um pouco mal desenvolvidas e problemas técnicos que tornam a experiência bastante cansativa.

Ainda assim, apesar de ser um jogo claramente de nicho, é algo que recomendamos a todos aqueles que possuem uma PS4, ainda para mais agora que o seu preço foi cortado em 20€ de forma permanente. É um jogo que dificilmente vos vai deixar indiferentes.


Se já jogaram The Last Guardian, não deixem de comentar como foi a vossa experiência.

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